andávamos, andávamos
era só isso o que queria
até o peito pulsar vazio
um sopro no precipício
e as veias sonolentas
rebentassem atônitas
andávamos, andávamos
em nenhum bar caberia
nenhum cigarro suficiente
até as mãos se cruzarem
o gesto apenas esboçado
perdido olhar em extravio
andávamos, andávamos
nada na palavra perseguia
nenhum sorriso benfazejo
tudo que não mais queria
até a sílaba colidir o verso
até o passo quedar imerso
andávamos, andávamos
não saberia dizer a cidade
mas havia o poeta, a praça
o rumor dos transeuntes
o incessante fluir de vozes
um vácuo vindo dos lábios
10 comentários:
flanar, deambular, arruar... tendo por bússola a poesia e o Poeta, por companhia...
...até a sílaba colidir o verso! Tuas imagens transportam-nos espetacularmente...
Beijos,
Ótimo texto, muito bom!
Inquietude e ansiedade.
Abraço
o homem e todas as cidades, todas as ruas, todas os cigarros de dedos queimados, o homem e a espera... mesmo quando andávamos...
abraço!
que lindo, assis! a última estrofe então...comovente.
"não saberia dizer a cidade
mas havia o poeta, a praça
o rumor dos transeuntes
o incessante fluir de vozes
um vácuo vindo dos lábios"
havia ainda alguma possibilidade.
beijo
Assis,
por vezes os lugares nos habitam, e já nem moramos mais no nosso corpo.
Muito belo!
Grande beijo!
nenhum bar
nos saberia
não fosse o andar
em poesia
abs Assis
Um andar assim, leva-nos!
Um beijo
Infindável!!!
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