sábado, 3 de agosto de 2013

1001 + 76 - Instruções normativas para um breviário de nadas

Não escolha caminhos
Não deseje palavras
Dê as costas para ausências
Não discuta com o silêncio
Escolha árvores escuras
Converse com peixes ávidos
Esqueça gramática e dicionários
Cultive a lucidez dos vaga-lumes
Deixe aflorar a demência no verso
Compartilhe pedras e cigarras
E se tudo isso não der em ruína
Comece a temer a surdez dos vegetais

p.s. “sobre o nada eu tenho profundidades”
Manoel de Barros

12 comentários:

Adriana Godoy disse...

Compartilho pedras, cigarras e cigarros! Belo poema, Assis! Bj

Primeira Pessoa disse...

bebeu na fonte certo.
gerinou-se em poesia.

este tantão de tudos, poeta.
pra que discutir com o silêncio?


abraço,

r.

Tania regina Contreiras disse...

Um êxtase de poema, Assis!

beijos,

Anônimo disse...

Que beleza,poeta!
Brigar com o silêncio é barulho na certa.
"Porque o silêncio em si é como o som dos diamantes que podem cortar tudo".(Jack Kerouac no prefácio de On The Road").

Um abraço
Lea Virgílio Caldas

Unknown disse...

a ruína antes e depois do breviário: que mais temer, poeta?

abraço!

Wanderley Elian Lima disse...

Aflorar a demência dos versos, é ser transparente.
Abraço

marlene edir severino disse...

Nem cigarras
nem pedras
compartilho

(vejo que não tenho cura)

Beijo, poeta!

Adriana Riess Karnal disse...

como disse antes, sds desse blogs
onde flutuam profundidades

Cris de Souza disse...

Nada a aclarar!

Anônimo disse...

Uau! Para se repetir todas as manhãs.

Bjo!

Ana Cecilia Romeu disse...

Belíssimo poema, Assis!
Recordo que li lá no faceb. no mesmo dia em que escrevi uma crônica sobre o 'nada'. E mesmo que nada te possa acrescentar, ainda assim deixo o primeiro parágrafo dessa crônica que é melhor que nada dizer :)
Parabéns pelo teu talento, Assis!

- Sobra o nada -
Nada não é o algarismo 1 nem sua escala negativa, o -1. Nada é como se fosse o zero, que apesar de ser um número, coisa alguma representa. Mas como tudo é relativo, um zero à esquerda é o próprio número; e à direita, outro número.

- Ana Cecília Romeu -

M.C.L.M disse...

"Cultive a lucidez dos vaga-lumes
Deixe aflorar a demência no verso"

Essa poesia me acende Assis...
O que não é o poeta, senão um louco iluminado?

Beijo procê!