quinta-feira, 5 de julho de 2012

1001 - Balada de tardio encanto


Vivo a permuta dos sonhos:
Sou de junco, barro, poeira.
Entrelaço coisas e destinos
Insinuo rota, sinal, aforismo

Improviso sismos e abismos
Sou inoportuno ao despertar
Espirro reticências e pausas
Camuflo casulos e aplausos

Tenho gosto para relevância
De carpir o leito das palavras
Dar sobrevida a um fino gesto
De montar susto no improviso

Aplaco distancias com o olhar
Alterno preces, coitos, abraços
Revelo as dores na minha pele
Irmano migalhas aos pedaços

Transito entre o que me chega
Ao que desafia sina e sortilégio
Mas nada posso contra o verbo
Vago vazio sem nenhum rastro






A saga (2001 uma odisseia no cyberespaço) continua aqui, nesta sombra

46 comentários:

Anônimo disse...

A permuta que há aqui é a de nossos sonhos por sua poesia.

Que lindo ficou esse 1001 aí!

Parabéns, poeta, com muito gosto que te acompanhei e te seguirei sempre. Sua poesia é a das que mais me encanta, sou fã mesmo!

Beijo.

Daniela Delias disse...

Poetinha,

Cheguei em junho de 2010. E estavas aqui no poema 236 - suíte para ouvir Leminski. A vida não é mesmo mágica? Leminski, o poeta que tanto te disse amar, me levaria para os teus versos. O poema dizia assim:

Sobre precipícios desfilam os instantes
Deslizam feito fagulhas atordoadas
Vou começar a me perder para ser o outro,
O que come versos e arrota maresias.
Um dia quero ser todas as poesias

Tantos dias se passaram, tantas coisas lindas foram ditas e escritas. Vi minhas cores em teus versos. Noutros tantos encontrei inspiração para os meus. T(r)ocamos palavras.

Chegamos ao final das mil e uma noites dos teus mil e um poemas. E tu te tornas todas as poesias, como no poema que me trouxe aqui. És um poeta imenso. És tanto. Deixe-se perder, então, como falas no poema. Perca-se para ser o outro. Aquele que encontraremos agora entre girassóis e lilases ou quem sabe outros versos na Árvore da Poesia.

Beijo, cheiro

Dani

Andrea de Godoy Neto disse...

Assis, tua poesia sempre me dá vontade de chorar, não de tristeza, mas pela beleza, um choro com riso... gosto de chorar pelo que é belo, gosto do que me encanta e me cala...

1001 poemas chegaram tão rápido... e agora tu és todas essas vozes e versos e todas as que estão por vir e que nós, os fãs, e que te amamos, já ouvimos em burburinhos dentro de ti

agora já nem sei se peço pra pôr tudo em livro ou em cd... gostei tanto de te ouvir, mas tanto... :)

beijo

ó, tu és "O" poeta!

mais beijo

maria joão moreira disse...

a um poeta assim, nem a morte rouba a poesia! parabéns pelo objectivo cumprido. E agora?....

Joelma B. disse...

Grata, mestre, pelos tantos dias mágicos em tua companhia... que continuem!

Há uma pequena homenagem no Transfigurações... a minha forma de te agradecer pela poesia cheia de encanto com que nos presenteaste aqui neste espaço!

Beijinho carinhoso!

Cris de Souza disse...

Mestre, mestre... missão cumprida com louvor!

Lembro-me que cheguei por volta do duzentos mas li desde o primeiro; afinal, sou tua arqueólóga e onde tua poesia estiver, lá estarei a te acompanhar.

Um beijo com toda a minha admiração!

Unknown disse...

Parabéns, mestre!

Está cumprido a magia do número em 1001 poemas. Quertiono quantos dias em que indisposto ou com problemas, assim mesmo cumprias o prometido. Para nosso deleite. O encanto ficará para sempre.

Beijo

Mirze

O Neto do Herculano disse...

Não, não há vazio,
há muitas pegadas,
mil e um rastros,
mil e uma noites,
mil e uma dores,
mil e um silêncios.

Mil + um e mais.

LauraAlberto disse...

o tão esperado 1001...

em transito entre o aqui/agora e o de outrora

beijo

[obrigada pela viagem que me permitiste...]

Lou Vilela disse...

Então, mileum: suor e espanto! uma belezura, Assis!
Que possamos acompanhar os próximos (desa)fios.

Cheiro,
Lou

Lou Vilela disse...

Então, mileum: suor e espanto! uma belezura, Assis!
Que possamos acompanhar os próximos (desa)fios.

Cheiro,
Lou

Everson Russo disse...

A vida é um eterno sonhar,,,um acreditar,,,um seguir em frente,,,mesmo que sem rumo...abraços de bom dia pra ti amigo.

Tania regina Contreiras disse...

Poeta, querido...chegaste, então, ao 1001. Será fim? Penso que não. Nesse dois anos e tanto de blogueira, conheci muitos poetas, encantei-me com alguns, com outros não; uns, leio eventualmente, pois já aprendei a buscar o que necessito na fonte certa; outros leio com mais frequência; a ti leio com um prazer enorme, cheia de espanto com as imagens; a ti leio decifrando, reinventando e reinventando-me; És o poeta que continuarei a ler onde quer que possa fazê-lo; substituí, muitas vezes, a prece da manhã pelos teus versos; muitas vezes disse "amém": à prece-poesia, ao poeta, ao lirismo arrebatador dos teus versos; ao mundo novo que sempre me mostras com as tuas construções; tua entrevista me inspira até hoje, já a reli algumas vezes. Nossa, isso é uma despedida? espero que não. Sei que não, pois preciso continuar a te ler. Onde? Um ciclo se fecha, mas certamente outro se abrirá. Deixa as pegadas que eu vou atrás...

Beijos e obrigada, muito, pelo espanto-encanto dos teus versos.

Ingrid disse...

chegamos a magia dos 1001 sob o sentimento de "tardio encanto"..
o tempo que é algoz,nos priva mas nos deixa belas sensações..
quem sabe mais 1001? como nas estórias, deixa teu rastro com miolos de pão de poesia para que não nos percamos no caminho de teus versos..
beijos no coração querido Assis..

Sueli Maia (Mai) disse...

Entre simos e abismos a poesia irrompe.
"E agora José, para onde?"

Muito bom, muito, muito.

cheiro,

AC disse...

1001! E, no entanto, tantos ainda por acontecer.
Mas fiquemo-nos pelo presente, pelo ar que ora respiramos, pelas sensações boas que vão desfilando...
Obrigado, Assis, pelos momentos únicos que por aqui foste desenhando e proporcionando. Ficarei sempre em dívida.
Parabéns e... um forte abraço!

Luiza Maciel Nogueira disse...

Assis, parabéns pelos pelos poemas, todos com uma singularidade espetacular, com o teu estilo e charme!

Beijos e que bom ver que os poemas continuarão!

Fred Caju disse...

Parabéns pelo dever comprido e cumprido, mestre! Te deixei por lá: http://cronisias.blogspot.com.br/2012/07/o-canto-derradeiro-de-uma-saga.html, e já estou indo pegar sombra e frutos.

Wilson Caritta disse...

Parabéns mestre Assis... cumprido e executado com maestria... Abraços.!

Adriana Godoy disse...

Mil e um...creio que você não vai parar por aqui e espero que não. O poema fechou lindamente o número, mas outros mil e um virão. Parabéns, querido poeta, por tanta poesia e de qualidade. Beijo

Ribeiro Pedreira disse...

e de repente mil e hum... pulsa a palavra viva, ebulindo em tons de silêncio. salve, poeta!!! sigo a saga!!!

na vinha do verso disse...

há de haver uma mil e muitas outras mesmas palavras

estas sobrevidas tardias
poesia que nos improvisa
no desatar os dias

PARABÉNS MANO ASSIS

abs

nina rizzi disse...

Precisei voltar umas quatro vezes na leitura pra calar a voz que me perguntava "E agora, José Assis?". Seguimos os rizzomas na árvore. GRACIAS!

Lídia Borges disse...

Pois sim! Mil e um poemas cumpridos e tantos outros por cumprir: floração da árvore em eterna primavera.

Obrigada!

Lídia

Anônimo disse...

Dádiva!
Grandeza!
Tens em ti todas as palavras do mundo, porque sabes que não podes contra o verbo...

Beijo de redenção! Aplausos!!!

Lau Milesi disse...

A poesia está guardada nas palavras-é tudo que eu sei.
(Manoel de Barros)

E você,poeta Assis,é mestre quando o assunto é palavra.Daí a lindeza da sua poesia.
Mesmo de longe,ultimamente,aprendi muito com o poeta,muito.Parabéns pela bela missão cumprida e pelo sucesso do "mileumpoemas",que foi nota de destaque hoje na coluna do Ancelmo Góis,do Jornal O Globo. Isso não é pra qualquer um.Não é meeeesmo. Achei super interessante o poeta ter abraçado o "recitar" a poesia.
Sucesso na sua "árvore".Espero que seja um "pé de romã ".Diz-se que a flor da árvore da romã - a romãzeira- representa a amizade sincera. Obrigada por tudo. :)
Um beijo pra você e sucesso.

dade amorim disse...

Assis, acho que preciso te agradecer tanta beleza e poesia! Foram muitas lições, um aprendizado que só nos deu prazer, uma alegria diária.
A nota no Ancelmo Góis é uma prova de que teus poemas têm muito valor.
E ouvir você declamar foi uma linda surpresa.

Na certa esse livro vai fazer o maior sucesso!

Um beijo grande.

noName disse...

“Deixe-se, leve-me”
Quando dei por ti e me atrevi a entrar, esse foi o pormenor que me fisgou, confesso. Foi o pequeno/enorme pormenor que te definiu, foi sim, foram esses dois verbos. Um dar e receber incondicional num clima de liberdade pura e linda. Foi já no setecentos e tantos que te descobri e desde então não resisti a passar por aqui todos os dias, deixei-me em emoção apenas, mas levei-te sempre comigo. Desculpa-me o silêncio, é que, tem escritas que não sei comentar, batem fundo na gente, porque vêm do mais profundo de quem as escreve, a gente lê e são sempre sentimento de verdade. E sentimento gera sentimento. Eu, Assis, não sei comentar que não seja com o coração, o meu coração espalha-brasas a fazer estragos por aí, então, há tempos ele bateu o pé e decidiu (porque é ele que comanda sempre tudo, verdade?) optar pelo silêncio.
Adorei ouvir de viva voz o teu dizer-te em nostalgia. Mas não creio que tenhas perdido nada do que sentes saudade, porque a tua essência é linda.
A gente se transforma, talvez, mas o menino dentro da gente está sempre lá.

Lendo-te desde o princípio, pela primeira vez, sentei no chão e não sei quanto tempo vou demorar.

Adorei conhecer-te, Assis. Obrigada.

Jorge Pimenta disse...

vago... vazio... e o rasto que não fenece.

1001 abraços para toda a renovação, assis!

Ira Buscacio disse...

Assis, querido poeta, mais um ciclo se encerra e abre espaço ao novo. Os 1001 poemas fizeram dos dias, dias mais belos, nos proporcionando um céu de grandes liláses.
Agora é hora de provar os frutos da árvore.
Bj imenso

Anônimo disse...

Assis, mal conheci o seu espaço, me prendi por completo... fica a voz que perdura e certamente não vai parar por aqui. Obrigada pelos seus versos, obrigada!

Forte abraço!

Nilson disse...

Grande e belíssima empreitada, Assis. Um empreendimento das Arábias, impressionante: 1001 sem perder a qualidade, a força literária, a voz própria. Bravo!!!

Bípede Falante disse...

Sabe o que acontece?
Sinto saudades dos mil e um!!
Beijoss :)

Vais disse...

Ah, Assis!
bonito demais!
tudo isso muito emocionante
e fomos deixando e levando
aos sabores dos toques, das ondas, do sol, do vento, das brisas, dos olhares, dos sentires, dos delírios, dos desassossegos e tanto mais...
que barato!!!!
altamente tocante e lindo

muitíssimo agradecida

beijo no coração ♥ e tudo de bom com muitas delícias

lula eurico disse...

Saio do casulo pra te deixar um abraçamigo.
Obrigado, Poeta!

Estamos na luta!

Loba disse...

deixo um pedacinho de saudade pelo fim da jornada. fico com toda alegria da poesia que nunca se cala, nunca se acaba. parabéns, companheiro. meu beijo e meu carinho sempre.

Domingos Barroso disse...

a florescer em ti
sem fim a Poesia
te faz vivo
e eterno
...


forte abraço, irmão.

BlueShell disse...

EXCELENTE...
que bom vir aqui!!!
BShell

Bípede Falante disse...

Pois é, voltei mesmo sabendo que você partiu.
Talvez, seja assim.
Admirar seja como um crime em que é preciso voltar a cena para conseguir absorver a passagem.
beijoss e saudades daqui...
ah, que sou de natureza saudosa.
oh, vida!

Anônimo disse...

bom gostei muito pq ate que e mt enteressante e criativo saiba q eu sou mais uma das tuas fans e que adorei muito seus poemas e mais vou seguir os teus poemas.saos otimos.bjoss

Adriana Riess Karnal disse...

Assis,
tu és um poeta de altíssima qualidade, e há outros tantos que passaram por aqui e te saudaram, para confirmar o teu espanto, tua prece, tua loucura na palavra. Eu, assim como Lelena aí em cima, estou saudosa. Sei dos teus passos, sigo te lendo, querendo ou nao, estamos aqui fazendo um movimento poético cybercult, sigamos, sigamos.

Canto da Boca disse...

(Seu poema me levou à minha ancestralidade, a tudo que sou e deixei de ser; a tudo que criei e destruí, a tudo que fui perdendo ao longo do caminho, e de como posso fazer tudo de novo, outras vezes, o sempre que sou: nascente, semente!)

Venho do blogue da Loba, li-te lá e segui-te até aqui.

;)

Ben Magno (Sr. Borges) disse...

sem essa pressa para beijar os verbos
presentes em tuas palavras, as não ditas
distantes da tua casa ligada ao veloz código
dos arrebóis e lilases sonhados por Van Gogh
ou como um Bashô acariciando doces sonhos
entre suítes burlescas e ventos inundando ilhas
de linhas poéticas e caos amrrados aos pés de Hermes
amanheces em todos os mil e um dias o Assis
breviário para seres, números e poetas

meu abraço não-tardio!

Tamiris Mend. disse...

É tanto que não se pode contar!

Úrsula Avner disse...

Olá poeta, como sempre, poesia de qualidade com a sensibilidade que nos faz refletir... Beijo.

Tatiana disse...

Que bonito.
No final de tudo, é sempre o verbo que cala.
Abraço