segunda-feira, 2 de julho de 2012

998 - Prosa de aroma para os últimos vestígios da nuvem


Quando cheguei ainda havia o vermelho, o resto de sombra que dos teus olhos se despregara, havia aquele torpor que incendiara os dias, havia a imersão na pele, o visgo que se fizera em cada gesto, em cada ato de silêncio desavisado.
Era assim, havia o rio a fluir em sua correnteza insondável, assinalando os portos, assinalando as margens.
Quando cheguei ainda havia o corpo transitando enigmas, a rota de descobertas que se inaugurara na saliva da língua, a sede que brotara nos desvãos de uma geografia.
Quando cheguei ainda havia o instigante céu, aquele em que se condensara uma única nuvem, o bulício de mãos, a imagem que se formara sob o fervor da crisálida.
Quando cheguei já éramos pássaros plenos de voo.

16 comentários:

Es terna disse...

Olá Assis!

Que bela imagem formada nesse texto poético! A riqueza do sentimento nos detalhes culmina na última frase que é um encanto:
"Quando cheguei já éramos pássaros plenos de voo."

Há de não perder-se esse tempo,voo à dois, para que o voo seja pleno!

Saudações poéticas!

Lídia Borges disse...

O tom de despedida que perpassa a prosa/poema deixa penas «vestígios de nuvens» esvoaçando por aí...

Um beijo

Unknown disse...

Bárbaro!

A chegada é apenas um dos marcos na linha do tempo. Importa, as cores, os aromas, os vestífios e tua poesia que ficará em cada memória. E memória é permanente.

Beijo

Mirze

Everson Russo disse...

E o melhor de tudo,,ao chegar ainda havia algo pra receber,,,sentir...abraçar e sonhar....abraços de boa semana.

Tania regina Contreiras disse...

Belíssimo, poeta querido! E é isso, nesses últimos momentos que não tardam alcançar o mil e um...a beleza se faz mais plena, a poesia mais e mais arrebatadora...
Uma nota de saudades.

Beijos,

Vais disse...

Ei, Assis
Que lindo!!!
e ainda pássaros plenos de voo

beijo grande pra ti

VILMA ORZARI PIVA disse...

Belo, belo!!!O pertencimento ao vôo
se fez fato!Espetacular!!
Beijos!!

AC disse...

Aromas intensos, a quem faz vénia a própria paisagem.

Abraço

Maria Maria disse...

Que delícia ler-te em prosa!
Vim te dar um abraço, e dizer que apesar de ter desligado meu blog da internet, continuo acompanhando seus mil e um poemas, sempre.
Um beijão,
Maria.

Anônimo disse...

Há tanta prosa e verso acumulados no seu voo. Coisa bela de se ver no céu.

Beijo.

dade amorim disse...

E o aroma chega até aqui.

Beijo beijo.

Daniela Delias disse...

Tão lindo!

E o final é de marejar os olhos.

Bjo, poetinha

Bípede Falante disse...

Oh, Assis, você está voando para longe desse blog e, em meio a quase mil e uma poesias e tantas nuvens, sinto-me agora meio sem asas :(
Não vá.
Invente mais mil e uma, please.
Beijoss

Luiza Maciel Nogueira disse...

que lindo demais, de flutuar mesmo

beijos

Anônimo disse...

Quanta beleza percorrida permanecendo presente para o futuro!

Voos, digo, beijos, Assis!

Cris de Souza disse...

Chegou pra voar!

(coisa linda)