Quando cheguei ainda havia o vermelho, o resto de sombra que dos teus
olhos se despregara, havia aquele torpor que incendiara os dias, havia a
imersão na pele, o visgo que se fizera em cada gesto, em cada ato de silêncio
desavisado.
Era assim, havia o rio a fluir em sua correnteza insondável, assinalando
os portos, assinalando as margens.
Quando cheguei ainda havia o corpo transitando enigmas, a rota de
descobertas que se inaugurara na saliva da língua, a sede que brotara nos
desvãos de uma geografia.
Quando cheguei ainda havia o instigante céu, aquele em que se condensara
uma única nuvem, o bulício de mãos, a imagem que se formara sob o fervor da
crisálida.
Quando cheguei já éramos pássaros plenos de voo.
16 comentários:
Olá Assis!
Que bela imagem formada nesse texto poético! A riqueza do sentimento nos detalhes culmina na última frase que é um encanto:
"Quando cheguei já éramos pássaros plenos de voo."
Há de não perder-se esse tempo,voo à dois, para que o voo seja pleno!
Saudações poéticas!
O tom de despedida que perpassa a prosa/poema deixa penas «vestígios de nuvens» esvoaçando por aí...
Um beijo
Bárbaro!
A chegada é apenas um dos marcos na linha do tempo. Importa, as cores, os aromas, os vestífios e tua poesia que ficará em cada memória. E memória é permanente.
Beijo
Mirze
E o melhor de tudo,,ao chegar ainda havia algo pra receber,,,sentir...abraçar e sonhar....abraços de boa semana.
Belíssimo, poeta querido! E é isso, nesses últimos momentos que não tardam alcançar o mil e um...a beleza se faz mais plena, a poesia mais e mais arrebatadora...
Uma nota de saudades.
Beijos,
Ei, Assis
Que lindo!!!
e ainda pássaros plenos de voo
beijo grande pra ti
Belo, belo!!!O pertencimento ao vôo
se fez fato!Espetacular!!
Beijos!!
Aromas intensos, a quem faz vénia a própria paisagem.
Abraço
Que delícia ler-te em prosa!
Vim te dar um abraço, e dizer que apesar de ter desligado meu blog da internet, continuo acompanhando seus mil e um poemas, sempre.
Um beijão,
Maria.
Há tanta prosa e verso acumulados no seu voo. Coisa bela de se ver no céu.
Beijo.
E o aroma chega até aqui.
Beijo beijo.
Tão lindo!
E o final é de marejar os olhos.
Bjo, poetinha
Oh, Assis, você está voando para longe desse blog e, em meio a quase mil e uma poesias e tantas nuvens, sinto-me agora meio sem asas :(
Não vá.
Invente mais mil e uma, please.
Beijoss
que lindo demais, de flutuar mesmo
beijos
Quanta beleza percorrida permanecendo presente para o futuro!
Voos, digo, beijos, Assis!
Chegou pra voar!
(coisa linda)
Postar um comentário