sexta-feira, 2 de novembro de 2012

1001 + 20 - canto para Rimbaud numa estação do inferno


procura-me entre tuas chagas
no teu canto mais desavisado
na memória do coito impreciso
nestas tuas unhas de vermelho
que suspiram sangue e moléstia

procura-me, talvez, nos becos
na boca escancarada de tédio
nos olhos solitários da virgem
que oferece um sexo inaugural
como esta rua de chuva e lama
como atônito jardim sem função

procura-me nas vestes últimas
de tecido puído a se desintegrar
na pele desgastada de inventos
de tanta língua, ranhura e vento

procura-me na sombra do porém
na circunstância deste assombro
o despertar de nuvem sem aurora
no cálido, no pálido, no esquálido

procura-me e intenta-me no rasgo
no corte, na víscera que se expõe
tal qual esta algazarra sem vozes
na tormenta, na procela, mergulho
procura-me devagar que já escuto

11 comentários:

Anônimo disse...

Tantas formas de se encontrar, e vivemos em extravio.

Belo, poeta!

dade amorim disse...

Belo belo, Assis!
Beijo.

Unknown disse...

Vivemos a procurar...
Só não podemos transformar nossas vidas na procura da - morte...

Muito bom Assis...

na vinha do verso disse...


o espelho dos olhos
que já nem se acham

abs Assis

Nicast disse...

Vinte. Ver.
e encontro-te nesse forte poema...

bjo.

Teté M. Jorge disse...

Ufffff... impactante digo eu...

Feliz semana, poeta.
Beijo e uma flor, com carinho.

Unknown disse...

procuro-te na vastidão de suas palavras. e descubro que a melhor parte dessa viagem é o trajeto por entre versos.

Tania regina Contreiras disse...

Esse espaço aqui continua assombrosamente mágico! Nossa, sem palavras;...
Beijos,

Rejane Martins disse...

...eis um Rimbaud para ser decantado em qualquer estação.

M.C.L.M disse...

Belíssimo!!

Bj.

poeticaria-ensaiodaspalavras disse...

belo belo belo belo!!!

Beijos!!!