procura-me entre tuas chagas
no teu canto mais desavisado
na memória do coito impreciso
nestas tuas unhas de vermelho
que suspiram sangue e moléstia
procura-me, talvez, nos becos
na boca escancarada de tédio
nos olhos solitários da virgem
que oferece um sexo inaugural
como esta rua de chuva e lama
como atônito jardim sem função
procura-me nas vestes últimas
de tecido puído a se desintegrar
na pele desgastada de inventos
de tanta língua, ranhura e
vento
procura-me na sombra do porém
na circunstância deste assombro
o despertar de nuvem sem aurora
no cálido, no pálido, no
esquálido
procura-me e intenta-me no
rasgo
no corte, na víscera que se
expõe
tal qual esta algazarra sem
vozes
na tormenta, na procela,
mergulho
procura-me devagar que já escuto
11 comentários:
Tantas formas de se encontrar, e vivemos em extravio.
Belo, poeta!
Belo belo, Assis!
Beijo.
Vivemos a procurar...
Só não podemos transformar nossas vidas na procura da - morte...
Muito bom Assis...
o espelho dos olhos
que já nem se acham
abs Assis
Vinte. Ver.
e encontro-te nesse forte poema...
bjo.
Ufffff... impactante digo eu...
Feliz semana, poeta.
Beijo e uma flor, com carinho.
procuro-te na vastidão de suas palavras. e descubro que a melhor parte dessa viagem é o trajeto por entre versos.
Esse espaço aqui continua assombrosamente mágico! Nossa, sem palavras;...
Beijos,
...eis um Rimbaud para ser decantado em qualquer estação.
Belíssimo!!
Bj.
belo belo belo belo!!!
Beijos!!!
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