(ou breve estudo sobre a natureza do alvoroço)
eu deveria ter desinventado o ontem
antes de me despertares o amor
porque já não tenho olhos
a minha pele é campo roto
e meus passos são o trôpego
ensaio de descaminho e abismo
eu deveria ter desinventado o ontem
com as mãos apalpando o vazio
o coração destronado e puído
antes de me despertares o amor
sem esta taça de vinho, sem o
fervor de nuvem a me consumir
eu deveria ter desinventado o ontem
com as palavras já cumpridas
as geografias enfim pacificadas
os girassóis em rito de ascensão
na calmaria de uma brisa leve
antes de me despertares o amor
11 comentários:
genial, desinventar o ontem para inventar amanhãs!
beijos
Ah, se a gente pudesse de vez em quando se desviver!
Beijoss
E que nesse desinventar o ontem,,,se tenha o amor hoje...abraços de bom dia.
O poeta baiano não é só talento nas letrinhas...é nos (des)inventos também. LINDÍSSIMO!!!
Esse eu levo. E deixo um beijo e um abraço.
(churchcrunch.wordpress.com)
Se pudéssemos isso, "ontens" estariam em extinção.
Que lindo poema, Assis!
Beijo.
"Desinventar o ontem"?! Não.
O amor despertaria hoje ou amanhã...
Um beijo
ai, quem me dera desinventar o ontem!
bravo, mestre!
beijinho com louvor...rs!
LINDO!
Então é na natureza do alvoroço que habita o arrependimento.
D+++++
Beijo
Mirze
teu alvoroço nos deixa em êxtase..
beijo poeta..
O amor e seus desalinhos...quanta beleza nesses versos, principalmente em "eu deveria ter desinventado o ontem".
Lindo vc.
Bjo
assis,
a ideia da desinvenção é-me particularmente cara, mas dolorosa. saber fazer é duro, mas aprender a matar o feito é contranatura... ainda que no mais das vezes a chave para se prosseguir a obra.
abraço!
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