quarta-feira, 4 de novembro de 2009

23 - canção de enganar o vento II

eu bem te disse que havia desvios
e nem todo caminho leva ou conduz
que as flores na ribanceira pendem
se ruflam e se riem daquele abismo

eu bem te disse pequenas verdades
tolas todas em formato de petiscos
embrulhadas em papel fino e barato
feito sortilégios de alguma cigana

eu bem te disse e fiz disso oferenda
como esse corpo vazio que se esquece
esse destino sem rotas, sem bússola
o tropego desafio de querer resistir

eu te disse quase tudo que já sabias
e lancei ancora neste terno desterro
valseando em velas e quilhas e portos
sendo relâmpago inútil do que é pouco

Um comentário:

Sueli Maia (Mai) disse...

Oh! Meus Deus... E disse tanto e tantas vezes.
Algo nesse 'lamento' me fez lembrar o tanto que não dizemos do quanto que sentimos por não termos dito.

Lembrei Casimiro de Abreu e deixo:

"Meu amor é chama que se alimenta no voraz segredo e se te fujo é que te adoro louco... És bela - eu moço, tens amor, eu - medo."

E nesse silêncio ou talvez por sermos ele, seguimos versando palavras prá encantar e enganar o vento.

Tristo e belo.

grande abraço