faz pouco minha palavra
não dá conta das cercanias
não abraça nenhuma saudade
não transmuda água em vinho
não me diz que eu estou só
faz pouco minha palavra
e quase não interroga mais
a noite que desce sem pudor
breve vai levar minha alma
que acaricia o por do sol
faz pouco minha palavra
não atenua o gesto que faltou
não conduz o tempo que se gastou
breve vai levar o peito, meus olhos
nessa vereda que eu sempre cantei só
sábado, 31 de dezembro de 2011
sexta-feira, 30 de dezembro de 2011
813 - canção de girassol enfeitiçado de luar
nem o acaso há de soprar-me de infinito
finda-se na palavra o sibilo da existência
nem muros brancos são refúgio do olhar
nem asas são pressupostos de elevação
todavia infla de ilusão o voo do vocábulo
finda-se na palavra o sibilo da existência
nem muros brancos são refúgio do olhar
nem asas são pressupostos de elevação
todavia infla de ilusão o voo do vocábulo
quinta-feira, 29 de dezembro de 2011
812 - contraponto para inexistência, achados e afins VI
em sigilo faço vigília ao silencio
ele se atiça em meus ouvidos
e eu sou todo o assovio da brisa
ele se atiça em meus ouvidos
e eu sou todo o assovio da brisa
quarta-feira, 28 de dezembro de 2011
811 - contraponto para inexistência, achados e afins V
faço festa com o alimento que me dás
és repasto alvoroçado no amanhecer
por ti cultivo guirlandas, astros, lábios
as minhas naus se inclinam em vagas
todo o horizonte clama por teus lilases
és repasto alvoroçado no amanhecer
por ti cultivo guirlandas, astros, lábios
as minhas naus se inclinam em vagas
todo o horizonte clama por teus lilases
terça-feira, 27 de dezembro de 2011
810 - canção de acalanto para floração incandescente
voe brasa e umedeça os meus lábios
pois me queima a sílaba da urgência
o afago desses crepúsculos sem sol
me põe em extravios a alma cansada
voe brasa e faça refrigério no silencio
que nunca mais te espero nas retinas
pois me queima a sílaba da urgência
o afago desses crepúsculos sem sol
me põe em extravios a alma cansada
voe brasa e faça refrigério no silencio
que nunca mais te espero nas retinas
segunda-feira, 26 de dezembro de 2011
809 - variação com intermezzo para rubra urgência
ela se foi com a chuva que teima em não cessar
inundando este rio sem fronteiras
assim ela se foi:
como a correnteza sem horizontes
como este precipício incontinente
como a mágoa análoga de uma trovoada
inundando este rio sem fronteiras
assim ela se foi:
como a correnteza sem horizontes
como este precipício incontinente
como a mágoa análoga de uma trovoada
domingo, 25 de dezembro de 2011
808 - variação com intermezzo para cortes dúbios
sinto-me lâmina na palavra punhal
dou-me lavra de fio no esmerilhar
e com esmero incito corte e risco
no gume que desliza sobre a folha
sinto-me lamina na palavra punhal
ao fazer geografia nos interstícios
que soletram substantivos de aço
na morada espessa de uma adaga
dou-me lavra de fio no esmerilhar
e com esmero incito corte e risco
no gume que desliza sobre a folha
sinto-me lamina na palavra punhal
ao fazer geografia nos interstícios
que soletram substantivos de aço
na morada espessa de uma adaga
sábado, 24 de dezembro de 2011
807 - fantasia para oboé e girassóis em ascensão
tenho ainda os vestígios da crisálida
nesse emaranhado de chão
em que meus passos se debatem
são alados os rastros que desfiz
para que nas nuvens ligeiras
pudessem pousar os teus silêncios
nesse emaranhado de chão
em que meus passos se debatem
são alados os rastros que desfiz
para que nas nuvens ligeiras
pudessem pousar os teus silêncios
sexta-feira, 23 de dezembro de 2011
806 - fantasia em cascata para a soberana dos sonhos
nestes teus pés habita a melancolia
que evoca a si mesma e não é triste
levita na embriaguez enlanguescida
eu que daqui te tenho contemplação
escrevo em bemol as tontas carícias
cuja leveza adorna o rito que excita
o ar que se respira é ouro, harmonia
como se fossemos eterna amálgama
na claridade reveladora das delícias
*inspirado em La chambre double
Charles Baudelaire (1821-1867)
que evoca a si mesma e não é triste
levita na embriaguez enlanguescida
eu que daqui te tenho contemplação
escrevo em bemol as tontas carícias
cuja leveza adorna o rito que excita
o ar que se respira é ouro, harmonia
como se fossemos eterna amálgama
na claridade reveladora das delícias
*inspirado em La chambre double
Charles Baudelaire (1821-1867)
quinta-feira, 22 de dezembro de 2011
805 - metaplágio solícito para os quartetos de Elliot
na palavra está a sagração do tempo
crisálida transfigurada dum instante
sopro silente da infinda tempestade
que corrói os desvãos da linguagem
na palavra está a sagração do tempo
termo simultâneo, epílogo do agora
abismo que se concentra a implosão
corolário de repouso para o silencio
na palavra está a sagração do tempo
incrustando a dança dos significados
bússola para o oásis de todo deserto
como o pasto do súbito e do inefável
*inspirado em Four Quartets
Thomas Stearns Eliot (1888-1965)
crisálida transfigurada dum instante
sopro silente da infinda tempestade
que corrói os desvãos da linguagem
na palavra está a sagração do tempo
termo simultâneo, epílogo do agora
abismo que se concentra a implosão
corolário de repouso para o silencio
na palavra está a sagração do tempo
incrustando a dança dos significados
bússola para o oásis de todo deserto
como o pasto do súbito e do inefável
*inspirado em Four Quartets
Thomas Stearns Eliot (1888-1965)
quarta-feira, 21 de dezembro de 2011
804 - madrigal de enlevo à senhora dos alísios
Eu já teria o corpo em cópula languescido
Sob a contemplação de vozes da natureza
“a poesia da terra jamais cessa”
E mesmo os pássaros enternecidos
Fizessem ruflar do peito sons em extravio
O agora seria o sempiterno de uma brisa
Que oscila quimeras em minha fronte
Eu já teria o corpo em cópula languescido
*inspirado em “On the grasshopper and cricket”
John Keats (1795–1821)
Sob a contemplação de vozes da natureza
“a poesia da terra jamais cessa”
E mesmo os pássaros enternecidos
Fizessem ruflar do peito sons em extravio
O agora seria o sempiterno de uma brisa
Que oscila quimeras em minha fronte
Eu já teria o corpo em cópula languescido
*inspirado em “On the grasshopper and cricket”
John Keats (1795–1821)
terça-feira, 20 de dezembro de 2011
803 - fuga em quatro vozes para clarinetes em desassossego
ouço da floresta o brilho do teu eco
“No bird soars too high,
if she soars with her own wings”
pois das asas não espero voo
são setas de agudos que se elevam
e o céu repercute em nuvem travessa
dos pés brotam o ímpeto dos sentidos
que alma absorve em barro tosco
na ramagem que desenha a estrada
até o galo precisa de outros cantos
para fazer o cortejo da alvorada
assim como o pássaro carrega
no peito a terna sede de assovios
pois da teia se consome a aranha,
a cobra em silente caminho
e o homem se consome de extravios
*inspirado em The Proverbs of Hell
William Blake (1757-1827)
“No bird soars too high,
if she soars with her own wings”
pois das asas não espero voo
são setas de agudos que se elevam
e o céu repercute em nuvem travessa
dos pés brotam o ímpeto dos sentidos
que alma absorve em barro tosco
na ramagem que desenha a estrada
até o galo precisa de outros cantos
para fazer o cortejo da alvorada
assim como o pássaro carrega
no peito a terna sede de assovios
pois da teia se consome a aranha,
a cobra em silente caminho
e o homem se consome de extravios
*inspirado em The Proverbs of Hell
William Blake (1757-1827)
segunda-feira, 19 de dezembro de 2011
802 - fantasia tosca para clarins e acordes em oitavas
“Onde me deito há uma árvore”
E eu estou todo sonhos sob ela
Nada cresce sem a sílaba do sono
Não há estações de resguardo
Para a alma que paira alada
Sem as amarras de um clarão
O dia impõe suas tormentas
Imerso em tonto cansaço
O corpo se desvela na amplidão
Nada cresce sem a sílaba do sono
Mesmo quando me cai em fruto
A semente acalentada de um sonho
*inspirado em Der Tod
Heinrich Heine (1797-1856)
E eu estou todo sonhos sob ela
Nada cresce sem a sílaba do sono
Não há estações de resguardo
Para a alma que paira alada
Sem as amarras de um clarão
O dia impõe suas tormentas
Imerso em tonto cansaço
O corpo se desvela na amplidão
Nada cresce sem a sílaba do sono
Mesmo quando me cai em fruto
A semente acalentada de um sonho
*inspirado em Der Tod
Heinrich Heine (1797-1856)
domingo, 18 de dezembro de 2011
801 - pequeno interlúdio para velas, impulso e sagração
Aguardo o chilreio da cotovia
“Hail to thee, blithe spirit!”
Como amantes que anseiam o rouxinol
Há cantos para o dia e lisonjas noturnas
“Bird thou never wert!”
Morrem os versos a cada estrofe
Como laminas silentes, diligentes
No ofício de exasperar desafios
Aguardo o chilreio da cotovia
Eu que nunca ansiei do pássaro o voo
Apenas o ímpeto de elevação das sílabas
“Hail to thee, blithe spirit!”
Toma-me de braços para o infinito
Todo o orbe conjuga árias e coplas
Serão teus os passos rasgando céus
“Bird thou never wert!”
Aguardo o chilreio da cotovia
Sopro de arrebatamento e impulso
Há um mar que não cessa nos olhos
Repara que os horizontes balouçam
Vaza-me de sal, nuvens e nuas naus
* inspirado em To a Skylark
Percy Bysshe Shelley (1792–1822)
“Hail to thee, blithe spirit!”
Como amantes que anseiam o rouxinol
Há cantos para o dia e lisonjas noturnas
“Bird thou never wert!”
Morrem os versos a cada estrofe
Como laminas silentes, diligentes
No ofício de exasperar desafios
Aguardo o chilreio da cotovia
Eu que nunca ansiei do pássaro o voo
Apenas o ímpeto de elevação das sílabas
“Hail to thee, blithe spirit!”
Toma-me de braços para o infinito
Todo o orbe conjuga árias e coplas
Serão teus os passos rasgando céus
“Bird thou never wert!”
Aguardo o chilreio da cotovia
Sopro de arrebatamento e impulso
Há um mar que não cessa nos olhos
Repara que os horizontes balouçam
Vaza-me de sal, nuvens e nuas naus
* inspirado em To a Skylark
Percy Bysshe Shelley (1792–1822)
sábado, 17 de dezembro de 2011
800 - contraponto para inexistência, achados e afins IV
o nosso caos, amor, é puro incenso
que propaga fumaça e cinzas
repercute nos espelhos embaçados
a vigília de tantos silêncios
os olhos ardem água e mágoa
e os medos florescem no jardim
que propaga fumaça e cinzas
repercute nos espelhos embaçados
a vigília de tantos silêncios
os olhos ardem água e mágoa
e os medos florescem no jardim
sexta-feira, 16 de dezembro de 2011
799 - contraponto para inexistência, achados e afins III
há uma hora que não é o agora
em que tua ausência faz espasmos
as retinas recobrem-se de espanto
há um espaço de desatino na pele
de sacrifício de gestos
de imolar janelas que varam o sol
há uma hora que não é o agora
em que os passos explodem átomos
e tudo vira distancia para um sem fim
em que tua ausência faz espasmos
as retinas recobrem-se de espanto
há um espaço de desatino na pele
de sacrifício de gestos
de imolar janelas que varam o sol
há uma hora que não é o agora
em que os passos explodem átomos
e tudo vira distancia para um sem fim
quinta-feira, 15 de dezembro de 2011
798 - contraponto para inexistência, achados e afins II
tomei o mar de braços para o nunca mais
nesta jornada de naus a soçobrar
as inquisições da tempestade já se vão
agora é o infindo de um vento que me eleva
nesta jornada de naus a soçobrar
as inquisições da tempestade já se vão
agora é o infindo de um vento que me eleva
quarta-feira, 14 de dezembro de 2011
797 - contraponto para inexistência, achados e afins
tomei de incumbência a lavra de algumas palavras
de dar-lhes lustro como a uma lamina de punhal
neste ofício de limar as arestas do imponderável
de dar-lhes lustro como a uma lamina de punhal
neste ofício de limar as arestas do imponderável
terça-feira, 13 de dezembro de 2011
796 - antipoema para ardor na seara da caatinga
a coisa que mais campeia no sertão
é o levante das folhas em ebulição
queimam retinas no refrigério da água
aqui se contam os pássaros que imolam
quando plainam em voo solitário pelo céu
mesmo os peixes nadam de soslaio
temendo feixes de luz que os atravessam
nada é mais solitário que o sol do meio-dia
é o levante das folhas em ebulição
queimam retinas no refrigério da água
aqui se contam os pássaros que imolam
quando plainam em voo solitário pelo céu
mesmo os peixes nadam de soslaio
temendo feixes de luz que os atravessam
nada é mais solitário que o sol do meio-dia
segunda-feira, 12 de dezembro de 2011
795 - poema das graças para as palavras que se elevam
ao brusco,
há o tosco,
ao imperfeito,
há o súbito,
ao espanto,
há o repentino,
ao inominado
há o silente,
ao gauche,
há o desmesurado,
ao incontido,
há o inacabado...
há o tosco,
ao imperfeito,
há o súbito,
ao espanto,
há o repentino,
ao inominado
há o silente,
ao gauche,
há o desmesurado,
ao incontido,
há o inacabado...
domingo, 11 de dezembro de 2011
794 - canção para gioconda assentada no arrebol
nem toda a minha sinceridade
seria capaz de arrancar
de ti este ar de interrogação
que destilas feito monalisa
pousada na aba deste pôr-do-sol
seria capaz de arrancar
de ti este ar de interrogação
que destilas feito monalisa
pousada na aba deste pôr-do-sol
sábado, 10 de dezembro de 2011
793 - canto de persistência para o último fio de ariadne
trago-te, senhora, os olhos em tempestade
no semblante que o tempo come arduamente
meus vestígios são os girassóis no entardecer
por ti roguei cirandas em noites de sofreguidão
varei silêncio como um punhal me atravessando
meus caminhos são bússolas em desassossego
no semblante que o tempo come arduamente
meus vestígios são os girassóis no entardecer
por ti roguei cirandas em noites de sofreguidão
varei silêncio como um punhal me atravessando
meus caminhos são bússolas em desassossego
sexta-feira, 9 de dezembro de 2011
792 - quando a luz se desloca na velocidade da ausência
eu me havia mudo para ti
enroscado no silencio do olhar
tu me ias de folguedo e alegria
e os passos eram só distancias
um ruminar cheio de ausência
enroscado no silencio do olhar
tu me ias de folguedo e alegria
e os passos eram só distancias
um ruminar cheio de ausência
quinta-feira, 8 de dezembro de 2011
791 - ciranda de alvoroço em prece enluarada
há um silencio que se dobra sobre a tua pele
incita mares, presságios, ventanias
recorda ancestrais paragens
há um silencio que se desdobra em desalinho
faz miragem no deserto de todos os oásis
e inflama os horizontes de letargia
incita mares, presságios, ventanias
recorda ancestrais paragens
há um silencio que se desdobra em desalinho
faz miragem no deserto de todos os oásis
e inflama os horizontes de letargia
quarta-feira, 7 de dezembro de 2011
790 - ciranda para argonauta em feitiço de sereia
como num carinho que nunca houvesse
contorna-me a fronte esta nau arrebatada
içam-me as velas deste livro o frontispício
das horas que velejo a ti assomam lentas
dos horizontes que não te cabem o mirar
soçobro nos degraus de tamanha mesura
como num vasto oceano para galgar delírio
açoitam-me as encostas em tonto vaticínio
dá-me a senha para ungir o santo sacrifício
contorna-me a fronte esta nau arrebatada
içam-me as velas deste livro o frontispício
das horas que velejo a ti assomam lentas
dos horizontes que não te cabem o mirar
soçobro nos degraus de tamanha mesura
como num vasto oceano para galgar delírio
açoitam-me as encostas em tonto vaticínio
dá-me a senha para ungir o santo sacrifício
terça-feira, 6 de dezembro de 2011
789 - imersão em rapto de som (gavotta con due variazioni)
lampejam arpejos lamparinas
no brilho que beija a bailarina
estranho, estrado, stravinski
sherzino, tarantella, andantino
misturam-se maestrias divinas
o tempo, o passo, a concertina
no brilho que beija a bailarina
estranho, estrado, stravinski
sherzino, tarantella, andantino
misturam-se maestrias divinas
o tempo, o passo, a concertina
segunda-feira, 5 de dezembro de 2011
788 - ciranda para longínqua marcha de heliantos
para os longínquos caminhos não tenho asas
mas os pés incitam o corpo para a levitação
compartilho o sentido de elevação das aves
faço do canto o pastoreio das nuvens
e quando me cansam esses ares de poeira
deposito as incoerências nos galhos altos
assim me livro dos escombros do dia-a-dia
faço dos campanários meus precipícios
para os longínquos caminhos não tenho asas
mas os pés incitam os olhos a contemplação
compartilho o naufrágio distraído da manhã
faço dos heliantos a rota cega do entardecer
mas os pés incitam o corpo para a levitação
compartilho o sentido de elevação das aves
faço do canto o pastoreio das nuvens
e quando me cansam esses ares de poeira
deposito as incoerências nos galhos altos
assim me livro dos escombros do dia-a-dia
faço dos campanários meus precipícios
para os longínquos caminhos não tenho asas
mas os pés incitam os olhos a contemplação
compartilho o naufrágio distraído da manhã
faço dos heliantos a rota cega do entardecer
domingo, 4 de dezembro de 2011
787 - crônica para um menestrel de coração numeroso
p/ roberto lima
aqui na minha terra a gente intui as conversas
com preâmbulos de meteorologia
olhando para as nuvens postas no horizonte
como se as águas benfazejas fossem o princípio
de todos os alumbramentos do sertão
e se das palavras saltam incensos de elevação
olhos carismáticos preparam a artimanha do voo
é desse adubo de camaradagem
que a prosa se acomoda em afeto e abraço
alternando longos dias com noites intermináveis
pois assim de espanto em espanto
corre o sangue dos fraternos caminhos
aqui na minha terra a gente intui as conversas
com preâmbulos de meteorologia
olhando para as nuvens postas no horizonte
como se as águas benfazejas fossem o princípio
de todos os alumbramentos do sertão
e se das palavras saltam incensos de elevação
olhos carismáticos preparam a artimanha do voo
é desse adubo de camaradagem
que a prosa se acomoda em afeto e abraço
alternando longos dias com noites intermináveis
pois assim de espanto em espanto
corre o sangue dos fraternos caminhos
sábado, 3 de dezembro de 2011
786 - ciranda para outra dose de amores cáusticos
de ti exoro a ânsia de pasto
na saliência da geografia
que se insinua em tua pele
enquanto brincas distraída
com as cores do arrebol
atiçando augúrio na saliva
meus passos são escombro
caminho raso de saciedade
infortúnio que não tem epíteto
na saliência da geografia
que se insinua em tua pele
enquanto brincas distraída
com as cores do arrebol
atiçando augúrio na saliva
meus passos são escombro
caminho raso de saciedade
infortúnio que não tem epíteto
sexta-feira, 2 de dezembro de 2011
785 - ciranda para um girassol em dezembro
dezembro não tem cor
é ensandecido de verão
o sol obnubila os olhares
há um turbilhão de luz
comendo a paisagem
mesmo quando as águas
se encontram em choque
o mar se desfaz em vagas
o olho remói um pretérito
sereias cantam alvíssaras
dezembro não tem cor
como o corpo em letargia
aguarda afago da ventania
dezembro não tem cor
mas me ocorre um arco-íris
é ensandecido de verão
o sol obnubila os olhares
há um turbilhão de luz
comendo a paisagem
mesmo quando as águas
se encontram em choque
o mar se desfaz em vagas
o olho remói um pretérito
sereias cantam alvíssaras
dezembro não tem cor
como o corpo em letargia
aguarda afago da ventania
dezembro não tem cor
mas me ocorre um arco-íris
quinta-feira, 1 de dezembro de 2011
784 - a poesia é o silencio engravidando sílabas V
guardo de ti uma ausência sem alvoroço
uns rabiscos no caderno de anotações
páginas marcadas de pessoa e bandeira
altercações de lilases, supercílios, lábios
o teu ventre que germina alumbramentos
e esta atônita ciranda que pulsa sem fim
uns rabiscos no caderno de anotações
páginas marcadas de pessoa e bandeira
altercações de lilases, supercílios, lábios
o teu ventre que germina alumbramentos
e esta atônita ciranda que pulsa sem fim
Assinar:
Postagens (Atom)