a coisa que mais campeia no sertão
é o levante das folhas em ebulição
queimam retinas no refrigério da água
aqui se contam os pássaros que imolam
quando plainam em voo solitário pelo céu
mesmo os peixes nadam de soslaio
temendo feixes de luz que os atravessam
nada é mais solitário que o sol do meio-dia
8 comentários:
Estou sempre só
sob o sol
do meio-dia.
Vivacidade mar na dor do sertão.
Tão triste, ASSIS!
Mas de uma beleza profunda e arrebatadora, como é usual em sua poesia.
Beijo
Mirze
Uma paisagem íntima. Mais um belo poema...
Beijos,
É a imagem da solidão mais triste.
Abração.
"nada mais solitário do que o sol do meio-dia"
em terra seca e pele rachada a cantiga pede água.
Beleza, meu caro.
abraço
"nada é mais solitário que o sol do meio-dia..."
Ainda bem que tenho por companhia a tua poesia!
Bj.
ao sol do meio-dia até nossa sombra some
te deixo, Assis, uma carta
beijo pra ti
"Carta de Hélio Pellegrino
O homem quando jovem, é só, apesar de suas múltiplas experiências.
Ele pretende, nessa época, conformar a realidade com suas mãos, servindo dela, pois acredita que, ganhando o mundo, conseguirá ganhar-se a si próprio.
Acontece, entretanto, que nascemos para o encontro com o outro, e não o seu domínio.
Encontrá-lo é perdê-lo, é contemplá-lo na sua libérrima existência, é respeitá-lo e amá-lo na sua total e gratuita inutilidade.
O começo da sabedoria consiste em perceber que temos e teremos as mãos vazias, na medida em que tenhamos ganho ou pretendamos ganhar o mundo.
Neste momento, a solidão nos atravessa como um dardo.
É meio-dia em nossa vida e a face do outro nos contempla como um enigma.
Feliz daquele que, ao meio-dia, se percebe em plena treva, pobre e nu.
Este é o preço do encontro, do possível encontro com o outro.
A construção de tal possibilidade passa a ser, desde então, o trabalho do homem que merece o seu nome."
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