sábado, 5 de maio de 2012

940 - notas para um breviário de desencanto


“Uma pessoa escreve não porque tenha algo a dizer, mas porque tem vontade de dizer algo”. Emil Cioran

Corre embrulhada junto a mim,
a vertigem de horas e dias.
O sinal de desassossego que
me veio marcado na pele.
Não tenho sorrisos à alvorada.
Não tenho mesura nas frases.
Cada palavra assustada
é o esboço da decadência.
As verdades escorrem no
silencio da incompreensão.
A furiosa dúvida relincha
no horizonte em desequilíbrio.
Enquanto o pasto alimenta
o sono que me encurrala.
Intento o verbo da sedição,
mas detenho parcos vocábulos
e há o oceano que ruge
o sangue deste alvoroço.
O corpo é tão mínimo
Para abrigar tantos vazios.

18 comentários:

Joelma B. disse...

...mas cabe tanto na voz!

beijinho com admiração, mestre Assis!

Belo fim de semana!

Fred Caju disse...

Fiquei tão sem palavras que a única saída foi uma repostagem: http://poetasdemarte.blogspot.com.br/2012/05/notas-para-um-breviario-de-desencantos.html

Abraços!

AC disse...

Há sempre tanto nas suas palavras, Assis!

Abraço

Everson Russo disse...

E nada impede a voz dos sentimentos...abraços de bom sábado...

Teté M. Jorge disse...

Hoje eu sucumbi a esses versos... quanta identificação!!!!

Beijo carinhoso.
Bom fim de semana.

Anônimo disse...

As palavras detêm um ínfimo de poesia que se pode expressar; o corpo, quase nada de alma.

Ainda assim, tu dizes tanto, poeta, e com tão pouco.

Beijo.

Lucas Holanda disse...

seu vazio tão amplo esvaziou também minhas palavras.

Lua Nova disse...

"...O corpo é tão mínimo
Para abrigar tantos vazios."

Magistral!

Beijokas.

Lídia Borges disse...

Como se viver fosse aquilo que é... Um tanto sempre tão pouco!

beijo

Anônimo disse...

Para Emil Cioran: imagino a dor dos que tem vontade de dizer e não podem. É o tolher das palavras.

Para ti, poeta Assis:

O encanto da vertigem de horas e dias embrulhadas junto ao corpo, ou à alma preenche todos os vazios da imensidão do poeta.

Beijo

M

Adriana Riess Karnal disse...

ah, assis, sua poesia jamais sera vazia...ademais , a alma se refaz depois de uma lua cheia.

dade amorim disse...

Faz toda a diferença, essa epígrafe do Cioran. Mas teus poemas dizem sempre aquilo que tens vontade.

Beijo.

Luiza Maciel Nogueira disse...

até em seus desencantos há tantos encantos, vazios que sabem brotar e germinar a poesia! grande beijo

Unknown disse...

Vazio palavras cercam, contorno possível?

Um grande abraço poeta,

Anna amorim

Ingrid disse...

tanto a sentir Assis..
beijos perfumados.

Daniela Delias disse...

O encanto de um poema sobre o desencanto...

Bjo,

Cris de Souza disse...

Já falaram o que eu pensei... E que citação, heim!

Jorge Pimenta disse...

quanto do tanto é bastante e quanto do mínimo é excessivo. nenhuma medida basta no azimute do coração.

abraço!