segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

459 - sobre a sonata número um de Bártok

espera-me em ofertas que não tenho
o mundo é vasto como disse o poeta
há poeira nas oferendas da estrada
então não me espera, eu nada tenho
daqueles vendavais sobraram brisas
o tempo é circunstancia dos silêncios
então, nada possuo em ofertas para ti
a dona de todos instantes me procura
são dela os meus passos e evocações
até este poema não me pertence mais
ele agora corre desembestado em eco
atravessando as varandas deste olhar
então, não espera que nada me tenho

22 comentários:

Luiza Maciel Nogueira disse...

do desapego e da imensidão - magnífico poema - o que deixa de nos pertencer para se espalhar

beijo

Vanessa Souza disse...

Quando acredita-se que não se tem, costuma ocorrer o contrário, acho.

http://vemcaluisa.blogspot.com/

Sueli Maia (Mai) disse...

Para uma sonata nada calma, um avoante ou um azougue num poema de muitos nãos.
Poema de espera-não-espera pareceu um aperrêio danado;
um trem destrambelhado,
um quero-quero na carreira,
um dou-não-dou,um vou-não-vou...
Me fez lembrar "frisson" do Tunai.


P.S.

Além de belos, seus poemas incitam saber: não conhecia Bartok e por causa do poema quis ouvir.
Tava com saudades daqui.

cheiros

Ingrid disse...

Assis,
tua harmonia sempre encanta..
nada nos pertence mas nos doamos mesmo assim..
beijo querido poeta e boa semana.

Everson Russo disse...

Que essa imensidao ecoe a paz e o amor..abraços de boa semana.

Zélia Guardiano disse...

Magnífico, Assis!
Muita vez você me deixa sem palavras, sem voz.
Agora, por exemplo.
Enorme abraço, querido amigo, grande poeta!

Wilson Torres Nanini disse...

O poema lançado por ti, Assis, confluí com o mundo e o torna mais dócil.

Um dos seus melhores, querido amigo! Com o requinte de sempre, equilibrado com versos que vãos-se ao fosso fundo do ser e retornam à superfície sujos de nossas máculas escondidas.

Abraços!

Lau Milesi disse...

Belíssima sonata, Assis!!

Adorei o "desembestado" .:)
Uma vez um poeta me disse que quando lança o poema ele não mais lhe pertence.E você agora ratifica.
Parabéns! Sempre .

Beijo

Unknown disse...

Belíssimo!

Concordo com Nanini!

Beijos, poeta MIL!

Mirze

Teté M. Jorge disse...

Hum...profundamente etéreo... ecoante...

Beijos doces.

Anônimo disse...

Nada possui, mas não cabe em si.

Beijo.

Anônimo disse...

suspiro, sinto ao ler o seu poema, que nada tenho, tenho o que não quero e quero aquilo que nunca tenho.
Beijo
Laura

Jorge Pimenta disse...

de teres e poderes ninguém sabe tanto quanto o poeta.
abraço, assis!
p.s. a imagem "o tempo é circunstância dos silêncios" fez ninho no meu peito.

AC disse...

O poeta nada tem, mas os seus braços têm um alcance do tamanho do mundo.

Abraço

Ira Buscacio disse...

O que sabemos é o tudo que não sabemos e o poeta canta.

Bjs, Assis

Tania regina Contreiras disse...

òia que eu gostei foi muito disso aqui, Assis...E das brisas que sobraram dos vendavais.
beijo, menino!

Eder disse...

Cada dia tenho menos o que dizer...

Fabuloso!

Lívia Azzi disse...

Desapego bom em seus versos, Assis!

Beijinhos...

Cris de Souza disse...

sou mais de agir...

belo, tudo muito belo!

Marcantonio disse...

Rapaz, adoro a música de Bartok, sobretudo a orquestral, O Mandarim Maravilhoso, Concerto para Orquestra, etc.É sempre outra a cada audição, revelando detalhes antes não percebidos.

Abração.

Rejane Martins disse...

a falta de espera no Bartók, que circula em eco cíclico - vértice de mira em trechos gregorianos ou polifônicos.

Rejane Martins disse...

Bartók, em trechos gregorianos ou polifônicos, sempre Bartók.