terça-feira, 20 de dezembro de 2011

803 - fuga em quatro vozes para clarinetes em desassossego

ouço da floresta o brilho do teu eco
“No bird soars too high,
if she soars with her own wings”
pois das asas não espero voo
são setas de agudos que se elevam
e o céu repercute em nuvem travessa

dos pés brotam o ímpeto dos sentidos
que alma absorve em barro tosco
na ramagem que desenha a estrada

até o galo precisa de outros cantos
para fazer o cortejo da alvorada
assim como o pássaro carrega
no peito a terna sede de assovios

pois da teia se consome a aranha,
a cobra em silente caminho
e o homem se consome de extravios


*inspirado em The Proverbs of Hell
William Blake (1757-1827)

10 comentários:

Rejane Martins disse...

Poema intenso de pio pro fundo, Assis, núncia de tempestade, beleza rara.

Everson Russo disse...

Ecos da alma meu amigo...abraços.

Celso Mendes disse...

E em extravios vamos nos consumindo.

Beleza de poema.

Abraço.

Bípede Falante disse...

Das asas, espero que não se quebrem...
beijos, Assis :)

Luiza Maciel Nogueira disse...

Cada vez melhor Assis! Beijos.

Anônimo disse...

denso, quase que pode ser dito que também foi escrito do inferno, mesmo que da entrada

abraço
Lauraalberto

Unknown disse...

William Blake e Assis Freitas!

Vozes assim que cantam como os pássaros, alcançam o consumir dos extravios!

Bárbaro!

Beijo

Mirze

Andrea de Godoy Neto disse...

bah, Assis! inspiradíssimo em Blake...

e nos extravios que nos consomem


beijo!

dade amorim disse...

As parcerias estão cada vez melhores.
O último terceto é de arrepiar.

Beijo, Assis.

Unknown disse...

Olá! Assis, tenho lido e gostado muito dos seus poemas, Volta amanhã.

Janice.