quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

847 - suíte de sertania desencontrada III

encarece de soslaio as moitas no sertão
escarnece ajuntamento de muitas vidas
até o vento quando ali passa faz visita
por tantos olhos encantados de multidão

no tempo de eu menino gestava rebuliço
colocar toco de pau atiçando a touceira
meu pai dava castigo de gesto e mudez
para nunca mais a gente se repetir no ato

o mano certa vez se deparou na cascavel
que enraizada na toca chocava suas crias
correu até os olhos suarem roxo de medo
levou dias até se aventurar n’outra arrelia

nem sempre meneio se perdoa distração
contam de muita gente que no não saber
ficou definhando até o osso se exasperar
e morrer na ignorância do muito silencio

cumprem-se de resguardo essas veredas
para não excitar sibilos que se aguardam
também de bom alvitre é mesura no passo
pois quem sabe da trilha não oxida rastro

10 comentários:

Everson Russo disse...

Caminhos de vida a se seguir em versos...abraços de bom dia.

Nicast disse...

"E assim arrasto a fazer o que não quero, e a sonhar o
que não posso ter..." F.Pessoa.

lindo poema, linda alma poeta.
bjo

Tania regina Contreiras disse...

E eu fico ruminando o último verso, depois dos rodopios das memórias minhas:".. pois quem sabe da trilha não oxida rastro."

Beijos, poeta!

Anônimo disse...

Como disse no facebook, incrível! De uma infancia boa, mas ao mesmo tempo nem tão boa assim- mas o poema a torna essencial!

Beijo

Anônimo disse...

Como disse no facebook, incrível! De uma infancia boa, mas ao mesmo tempo nem tão boa assim- mas o poema a torna essencial!

Beijo

Quintal de Om disse...

Amigos, o meu blog "A Pequena Notável .poesia do cotidiano." foi alterado para o endereço abaixo:

http://samarabassi.blogspot.com/

Peço que atualizem e agradeço.
Meu abraço,
Sam

Vais disse...

Suíte essa das boas, Assis
vidas, contos, causos, infância guardada na lembrança na memória do ser que não há tempo que apague ou envelheça
lindo

beijo

Jorge Pimenta disse...

quantas vezes transformamos o som dos buracos em sinfonia para orquestra de estrada segura?
mil e um abraços!

lula eurico disse...

E um certo sotaque roseano que escapa do teu ritmo, de teu ser, tão profundo, nessa vereda (sertânica) de tua lavra poética.

Abç cordial.

(Já consertei os comments do Sítio D'olinda, visse! Apareça e inté!)

dade amorim disse...

Estava pensando em ROsa quando li o comentário do Eurico.

Beijo!