vou te inundar com o silencio
das minhas palavras
germinar em cada ponto do
teu corpo um jardim de sílabas
tu hás de florir para o verbo
como pétalas para o horizonte
hei de instaurar sede de consoantes
alvoroçar teu sexo com pronominais
instalar o desatino nos teus seios
numa gramática de desassossego
teus lábios ganharão reticencias
numa linguagem de lenta intromissão
as tuas espáduas serão o estuário
de conjugação das naus desavisadas
assim imbuído de solenes princípios
vou nominar teus gestos em festa
tu serás alegoria, metáfora, hipérbole
o moto-contínuo para toda a poesia
a estranha carne que me deixa desperto