sexta-feira, 9 de abril de 2010

179 - poema de outono

a chuva varreu a saudade que eu me tinha
limou as arestas deste coração tão cansado
a chuva fez do meu olho poço sem lágrima
assentou no rosto a marca daquele gesto
a chuva apascentou desejos que ainda ardem
deu ordem ao dia, a noite, a terna madrugada
a chuva me fez cavalgar o infinito do alfabeto
para encontrar o verbo amargo desta renúncia

9 comentários:

Wilson Torres Nanini disse...

Enquanto você cavalga, cavalo-aquático, poetaço, o que há de cáustico no desejo cede um pouco, vira instrumento de poesia de primeira.

Abraços!

Non je ne regrette rien: Ediney Santana disse...

quantas chuvasa e saudades nestes teus versos de outono

nina rizzi disse...

assis, querido,

a chuva também me obriga a fazer renúncias, mas, que pena, não me dá poemas bons assim/s.

um cheiro molhado.

Em@ disse...

...se resultou assim tão bem,venha mais chuva dessa, apesar do que dói.sem uma qualquer dor não há poema...

abraço privaveril

Anônimo disse...

Ela tem dessas coisas de lavar, limar, arrefecer como se o passado fosse embora livremente.

O seu lirismo, Assis, em tudo o que escreves, me espanta e me acalma.

Beijo.

Zélia Guardiano disse...

Lindo, Assis! Lindo!!!
Cada vez mais me encanto...
Um abraço, amigo

Jorge Pimenta disse...

A água que desliza por entre as pedras lavando o estrado onde a palavra se purifica em poema.

Abraço!

Lou Vilela disse...

Lindo, Assis! Seus versos encantam.

Bjs

Adriana Godoy disse...

pois é, é assim mesmo, mui belo seu poema, Assis! bijous