domingo, 27 de novembro de 2011

780 - ciranda de alvoroço para antigos heliantos

na época da minha infância
não havia monstros no jardim
hoje eles crescem desolados
sem nenhuma assombração
são duendes sorrateiros
que se transmutam violáceos

você chegou a notar a presença
daqueles seres solitários
mas não te interessou imolá-los
bastava a mim, já entrecortado
por teus véus de suma ausência

na época da minha infância
não havia monstros no jardim
hoje eles crescem desolados
as sebes enfeitadas escondem
o martírio de pés amassados
o afinco de mãos se exaurindo
o inútil tumulto dos heliantos

13 comentários:

Joelma B. disse...

Que belo título... tão bela a palavra helianto!

Este poema me tocou tanto! Parece que leu minha alma.

Beijinho de fã, poeta Assis!

p.s:O Luz está se despedindo... passa por lá pra deixar um comentário final?

Everson Russo disse...

Esses monstros de jardim moram em nossas almas...abraços de boa semana.

na vinha do verso disse...

meus monstros moravam no canto da varanda de casa, até hoje dedicado imensas samambaias.

véus de suma ausência ao longo dos anos

você é bom nisso cara
muito bom mesmo

abração

nina rizzi disse...

putz, tivesse lido uma horinha antes! ellenismo puro!

beijo, meu rei.

Ribeiro Pedreira disse...

a infância tem jardins que não imaginam as ervas que crescerão além das flores.

Ribeiro Pedreira disse...

ah, eu agora sou www.moinhosilente.blogspot.com

Unknown disse...

ASSIS!

Não tive infância, nunca pensei em monstros, mas conheci-os através de livros. Hoje conheço alguns.

"as sebes enfeitadas escondem
o martírio de pés amassados
o afinco de mãos se exaurindo
o inútil tumulto dos heliantos"

Que bárbaro se existir.

Beijo

Mirze

Daniela Delias disse...

O título é de um lirismo...
bj!

Teté M. Jorge disse...

Versos da infância... ufff...

Beijo.

Adriana Riess Karnal disse...

hoje não te deixas assombrar, Assis. Eu ainda insisto com algum ou outro helianto. No verão elas tendem a murchar.bonita tua poesia, essa de agora e as anteriores que eu recuperei.

dade amorim disse...

Tristes duendes de agora.

Beijo, Assis.

Ingrid disse...

alvoroçadas letras..
beijos..

Jorge Pimenta disse...

"na época da minha infância
não havia monstros no jardim
hoje eles crescem desolados"

para quê crescermos, afinal?...
pensar é morrer...

abraço!