a contemplação dos lilases para esquecer a razão
o cultivo de nenúfares para o alvoroço das retinas
o remanso de heliantos a vigiar o sol no horizonte
o canto da cotovia para quando se extinguir o dia
o voo breve do bem-te-vi a evocar amanhecimento
a paragem de águas delicadas nos olhos do peixe
a travessia sinuosa de lábios inflamando a paixão
o hiato entre o acontecimento e o que há de florir
o arrevesado travo das coisas que provocam cica
o inesperado que surge quando rotas dão veredas
a desassossegada coreografia no coito da libélula
a pacificada interjeição que amalgama a existência
10 comentários:
Depois do vendaval,,,uma paisagem nasce em belos campos de amor...abraços de bom dia.
depois do vendaval de tua voz?
beijinho, poeta Assis!
Assis,
bom saber da poesia depois do vendaval.
Maravilha!
Essa pacificada interjeição que amalgama a existência. me pegou. Pensarei muito sobre ela.
Beijo
Mirze
Ei, Assis,
a contemplação o cultivo o remanso o canto o voo a paragem a travessia o hiato o arrevesado o inesperado a desassossegada a pacificada e o todo da existência
mesmo que efêmeros momentos experimentados
beijo
...doudos torvelinhos rodam moinhos, sílabas de solfa em escala natural.
O teu dicionário para os olhos marejados...
Depois do vendaval mudam tantas coisas!
Beijo, Assis.
práticas efémeras, pois são apenas intervalos entre vendavais. o que é mais tangível, afinal? paraísos ou precipícios?
p.s. comecei, já, a procurar vestígios de luz nos abismos com que engane os desejos...
Toda essa tua enumeração de coisas transitórias me traz surpresas.
Porém, esse "hiato entre o acontecimento e o que há de florir", essa gestação de tempo e coisa viva, esse entreato, esse me instiga a pensar. E é essa experiência poético-pensante, essa descoberta do hiato entre as coisas e sua eflorescência, que permite o poema, a arte, enfim...
Abç fraterno.
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