sábado, 10 de abril de 2010

180 - A idade da pele

De verdade queria
Saber usar as medidas
A certeza de frio e calor
Quando a idade da pele
For ficando mais velha
E os sulcos confundirem-se
Em sabores e sensações
E de imediato não possa
Haver qualquer constatação

De verdade queria
Também saber ousar
E poder sentir frio e calor
Quando a idade da pele
For ficando mais séria
E os sulcos serenando
E de imediato não possa
Me permitir ao martírio
De saborear a vida como
O mercúrio em expansão

8 comentários:

Sueli Maia (Mai) disse...

Ah, Assis é covardia...Que Coisa mais terna e mansa este tal..."180".
Não te aflijas, tu saberás pois já sabes o que é preciso.
Eu ainda estou apatetada aqui olhando essa obra de arte.

nina rizzi disse...

eu li o título e achei que o poema ia dar noutras bandas, mas eu gosto assim, como segue.

sabe que ontem tomei uma cachaça mineira, num buteco portuga, tão boa que acabei entortando o caneco, e as pernas, claro. aí que eu me enchi d'uma melancolia filhadaputa. porra, eu aqui nesse aguaceiro e... e mais ninguém. mas aí o sujeito nao me deixou entrar no prédio porque eu fumava e eu sai pra ventania e olhei pro céu e... poxa encontro de metano com tantas móleculas de água só pode dar explosão, né. olhei pro céu e ... eu me bastava.

capotei. rsrs...

quinto poema pra dentes: vou me vestir co'as tuas medidas.

arre, prometo que depois do banho eu reescrevo isso.

cheiro de vandavais, menino.

Zélia Guardiano disse...

Assis, querido amigo
A idade de minha pele já chegou lá, ao sitio sobre o qual você faz suas conjecturas que , alíás , não são conjecturas e sim uma antevisão muito real... Falo de cátedra: haverá constatação imediata, sim! E mais: não querendo ser ave de mau agouro( e já sendo...), concluo: É fogo!!!! Risos e mais risos...
Um forte abraço

Jorge Pimenta disse...

a resposta não está, seguramente, à flor da pele...
Um abraço, Poeta!

Anônimo disse...

Sintonizar idade da pele com idade da alma? Poeta, vc vai além! Mas é uma preocupação, sim, sem dúvida.

Beijo.

dade amorim disse...

Haverá o que viver, Assis - mas também o que perder. Difícil é equilibrar os dois.

Beijo pra você.

Lou Vilela disse...

Lindo, Assis! Tenho dito: a poesia, contrária ao tempo,resiste.

O ousar acordou em mim o poema de Lou Andreas-Salomé:

"Ouse, ouse... ouse tudo!!
Não tenha necessidade de nada!
Não tente adequar sua vida a modelos, nem queira você mesmo ser um modelo para ninguém.
Acredite: a vida lhe dará poucos presentes.
Se você quer uma vida, aprenda ... a roubá-la!
Ouse, ouse tudo!
Seja na vida o que você é, aconteça o que acontecer.
Não defenda nenhum princípio, mas algo de bem mais maravilhoso: algo que está em nós
e que queima como o fogo da vida!!"

Belíssima construção, meu caro!


Beijos

Gerana Damulakis disse...

Excelente o manejo nas 2 estrofes.