quarta-feira, 28 de abril de 2010

198 - sermão apócrifo

quem proverá
a água que a esta sede não cura
quem proverá
o vento que a esta onda não cala
quem proverá
o fogo que a esta paz não dura
quem proverá
a terra que a esta mão não funda
quem proverá
o consolo que a esta ode não cria

17 comentários:

Unknown disse...

Felizes as pessoas que sabem que são espiritualmente pobres, pois o Reino do Céu é delas.
Felizes as pessoas que choram, pois Deus as consolará.
Felizes as pessoas humildes, pois receberão o que Deus tem prometido.
Felizes as pessoas que têm fome e sede de fazer a vontade de Deus, pois ELE as deixará completamente satisfeitas.
Felizes as pessoas que têm misericórdia dos outros, pois Deus terá misericórdia delas.
Felizes as pessoas que têm o coração puro, pois elas verão a Deus.
Felizes as pessoas que trabalham pela paz, pois Deus as tratará como seus filhos. Felizes as pessoas que sofrem perseguições por fazerem a vontade de Deus, pois o Reino do Céu é delas.

Não sei o motivo, ah se soubesse os meus motivos, mas acordei com estes pensamentos, e o poema partir daí. Para os não tão crentes, como eu, a epifania pode ser o vento, lá fora que sopra e me embala. Cheiro a cada um que vier.

Marcantonio disse...

Serei piegas se falar da minha comoção ao ler isso? Um sermão não tão apócrifo, que se recusa auto-suficiência, tal como todos os sermões deveriam fazer, começando e permanecendo suspensos sobre indagações. Quem proverá as respostas? Talvez a fé no vento. Bela imagem essa epifania do vento, justo ele, invisível que só se torna visível quando atua sobre as coisas, sobre a nossa pele, enfim.

Obrigado. Abração de outro não tão crente.

nina rizzi disse...

assis, a minha epifania também vem dos ventos, e da água e da terra e do fogo. toda a poesia.

belos versos pra o dia da caatinga, meu caro.

um cheiro de terra molhada procê :)

ryan disse...

o poeta
poetará
a apoteose

Jorge Pimenta disse...

é o panteísmo, querido Assis, no seu esplendor maior. A ascese em todas as coisas que nos tocam; saibamos deixar-nos por elas tocar.
um abraço!

Anônimo disse...

A ode pode não vir para consolar, mas aproxima quem aqui vier vasculhar o seu lado humano. Os não tão crentes agradecem sua entrega às ideias.

Abraço.

Lau Milesi disse...

E o vento me touxe aqui, poeta. Parabéns !!
Um abraço.

Lau Milesi disse...

Desculpe: leia "trouxe".

elzafraga disse...

[para os não tão crentes, como eu, a epifania pode ser o vento, lá fora que sopra e me embala]

Sabe quando se gosta de um poema, e se gosta de saber de que porto ele partiu até chegar ao fundo do olho da gente?

E aí a gente não acha a palavra certa pra dizer do sentimento, mas sabe qual é o sentimento, pois ele está ali, lendo o poema?

É isso!

Gerana Damulakis disse...

Pois, a partir da oração, vc (não tão crente) acabou construindo a sua oração: ficou muito bonita.

dade amorim disse...

A beleza está mais na sede que na água.
Lindo o sermão.

Zélia Guardiano disse...

A tua inspiração e o teu talento, que juntos, de mãos dadas, estão brincando logo alí...
Parabéns!
Um grande abraço!!!

Sueli Maia (Mai) disse...

Benditas palavras aos homens e poetas.
Bem aventurados os simples e eu queria ser assim, como tu, de Assis.
cheiros e olhos de admiração.

Cris de Souza disse...

Gostei do tom, textura, teor...

Evoé !

Unknown disse...

Caro amigo,

Há muito o leio, mas agora o seguirei, e quando puder, comentarei.

Esse "sermão" de Assis, vale para os que sendo humildes ou não, acreditam em alguma coisa além.

O BEM o proverá!

Forte abraço!

Mirse

Lou Vilela disse...

Minh'alma agradece.

Cheiro

Rejane Martins disse...

de vento, em ventania, eu cria;
hoje, aqui e só agora, prego silêncio,
há muito barulho ano depois.