enquanto começa o meu dia
lá do outro lado do mundo
as horas já se consumiram
o girassol cumpriu sua rota
o mar em vaga e preambulo
estilou a cota de imensidão
pés delinearam outra seara
enquanto começa o meu dia
lá do outro lado do mundo
mulheres já carpiram perdas
os campos foram semeados
houve guerra, há ou haverá
desabitados cataram refúgio
mãos clamaram por migalhas
enquanto começa o meu dia
lá do outro lado do mundo
toda a vastidão já se exauriu
portas se fecharam em vão
em meio ao tumulto e terror
as palavras escavaram sinas
para o desatino da existência
enquanto começa o meu dia
lá do outro lado do mundo
os espelhos já estarão rotos
o muito do que era definhou
enquanto começa o meu dia
a ventania derrubou nuvens
no céu do outro lado mundo
13 comentários:
O outro lado do mundo
está a apenas um toque
aqui dentro do peito...
também escureceu,
também exauriu...
mas sobreviveu.
O sublime "acontecer". Rotina aqui e lá do outro lado do mundo.
Maravilha!
Beijo
Mirze
como num coração que late, o primeiro jornal, como Eliseu.
Duas metades do mundo num só poema, onde sempre cabem imensidões. Para minha oração do dia, que nunca é tarde, amém!
beijos,
Poeta
Do outro lado do oceano...costumo passar aqui em silêncio.
Há na imensidão deste poema...todas as dores de todos os clamores de todos os seres.
Deixo um beijo
Sonhadora
nada é igual...
beijinho com admiração, poeta Assis!
emociona.
mesmo.
beijos
Enquanto começam nossos dias, acontece.
Beijo, Assis.
enquanto o nosso dia começa, no outro lado do mundo escurecem os olhares dos homens...
beijo!
e termino bem meu dia lendo-te..
beijos querido.
nós e os nós, daqui e dali, porque os lugares são todos os rostos que nos defin[h]em.
abraço, assis!
Ave, Assis e suas mil e uma matizes!
Esse réquiem pegou na veia... poética.
Poema imenso... e denso.
Um dos mais belos que já li na língua-mátria!
Abraço fraterno, Poeta.
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