ainda era eu que precipitava passos
nas ribanceiras de tantos caminhos
o olhar ruminava de ti uma ausência
vergava distraída a asa do pássaro
não o canto que sibilava sustenidos
no alforje descansavam as auroras
havia mãos que queriam o alvorecer
impune o sol punha brasas no hálito
tudo tão inexplicável como o silencio
que se espraiava no sal da maresia
cumpria-se a tua rota sem bússolas
neste espaço de inquisição e enigma
em que soletro a urgência de lábios
enquanto cavalgo o rocio assustado
e perscruto moinhos para um duelo
18 comentários:
Belo...pela abrangência de tantos cenáios que nos faz saltar de um para outro e quase perder o fôlego...
Maravilha.
Bshell
Que beleza Assis esse cheiro de elevação.
Beijo
Passos que ofegantes e ansiosos devoram os caminhos da vida...abraços de bom dia.
As palavras ficam bem mais livres nos poemas.
Beijo beijo.
Nessas preces de quase todos os dias, há sempre uma mensagem (teus versos são também meu oráculo)...e hoje ele me diz que caminhe, que faça a rota sem bússola, que invente e reinvete a estrada. Mas isso é prece-poesia, você sabe: amém, Assis. Beijos
Assis,
desruminando ausência, oxidando silêncios, faço, mais uma vez, a ti a minha vênia.
Abraços!
um número mágico para acompanhar a poema idem.
um beijo.
como aprendiz de navegante em sal e silêncio, rezo esta epístola para poder, quem sabe um dia, cavalgar meu rocim e enfrentar meus moinhos com tanta habilidade.
abraço, poeta.
Fouad Talal trouxe-me outro dia um de meus poemas favoritos, de Leminski...deixo-te aqui também!
Bj, bj!
moinho de versos
movido a vento
em noites de boémia
vai vir o dia
quando tudo que eu diga
seja poesia
Leminski
Convertidos pela epístola, falta o louvor, que deixo para os pássaros.
Maravilha!
Beijo
Mirze
Pás num topo de uma torre a mover flâmula - o silêncio eólico dos cafundós a molinhar.
...no alforje descansavam as auroras, exaustas de tantos amanheceres...
Ah, Assis,que lindeza de poema...
Bravo!
Abraço apertado
Como Dom Quixote navegando no sal e no silencio do desconcerto, em busca da sua Dulcinéia inventada.
Um beijo
Naveguei.
Lindo, parabéns!
uma embarcação em alto mar de calmarias e ventos brandos
água salgada e silêncio
sem direção na imensidão
um enigma um duelo
beijos
*** um detalhe que passou batido, arrebol é das palavras mais lindas***
"havia mãos que queriam o alvorecer"
e outras que anunciam entardeceres.
também eu tenho andado às voltas com as mãos e os seus delates.
abraço!
li e reli..
senti e naveguei contigo..
beijo Assis.. sempre.
nosso senhor das liras!
cada verso mais sublime que o outro...
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