sábado, 23 de abril de 2011

562 - Metapoema para cigarra, formiga e o pão de cada dia

Um dia virão cobrar o que não fiz
E eu direi:
Escrevi poemas a mancheia
Carpi incessantemente a palavra
Cultivei com afinco o solo do verbo
Mas hão de retrucar sobre processo
Tão precioso
E cobrar frutos mais concretos
Coisas sólidas como metal, madeira
E eu, irmão de pássaros e nuvens,
Tão inábil com os predicados
que se apregam aos dentes do dia,
terei só lábios para o infinito
terei só um horizonte de iridescencia

24 comentários:

AC disse...

Há sempre quem queira cobrar, há sempre quem ignore os cobradores...

Abraço

José Sousa disse...

Olá amigo Assis!
Lido o seu texto sobre poesia, seu imaginário é fertil! Logo pensa e escreve coisa do interessante.

Um abraço grande e feliz Páscoa.

Unknown disse...

ASSIS!

Dia a dia você cumpre com maestria suprema todos os encantos da arte poética. Se alguém cobrar é pura inveja!

Beijos, poeta MIL!

Feliz Páscoa

Mirze

Rejane Martins disse...

...lábios para o infinito e um horizonte de iridescência, mas não é isso o tudo?

Wilson Torres Nanini disse...

Assis,

palavra é a chave para a vida. Muitos e muitos virão te fazer a vênia - como eu te faço agora.

Abraços!

Everson Russo disse...

O negocio nessa vida é realizar sempre,,,sempre,,,abraços de bom dia.

Jorge Pimenta disse...

"Escrevi poemas a mancheia
Carpi incessantemente a palavra
Cultivei com afinco o solo do verbo"
que mais fica a faltar, afinal?
um abraço, poeta inteiro!

Sandra Gonçalves disse...

Todos os poemas escrevem vidas, então criaste histórias...beijos achocolatados

Celso Mendes disse...

Pois bem, irmão de pássaros e nuvens, continue cultivando o solo do verbo para podermos nos alimentar com seus versos.

abraço!

Lívia Azzi disse...

E quem terá coragem de lhe cobrar, querido Assis?

Só mesmo um aloprado, risos!

Beijos e uma feliz Páscoa!

lula eurico disse...

Enquanto não chegam os cobradores e esse dia, irmão de pássaros e de nuvens, revoemos ao longo desse horizonte.

"Navegar é preciso..."

nydia bonetti disse...

Quem cultiva versos como esses, cumpre seu ofício, doa seu dom, e a gente cobra é mais - poesia como essa. Linda, Assis! beijo.

Eder disse...

Me lembrou uns versinhos infantis que já risquei (e nem lembra mais, veja só):
"E o que seria da formiga,
Sem sua fiel amiga
A cantar-lhe cantiga
E diminuir sua fadiga?"

dade amorim disse...

Destino de poeta é assim mesmo.
Ainda que seja este poeta.
Beijo grande e um domingo feliz e cheio de paz.

Domingos Barroso disse...

Irmão Assis,
que poema exuberante
pleno e doce
...

forte abraço.

líria porto disse...

quem cobra não faz bem feito como tu!
besos

Anônimo disse...

Irmão de pássaros e nuvens. Sim, parentescos de poeta.

Anônimo disse...

Irmão de pássaros e nuvens. Sim, parentescos de poeta.

Marcantonio disse...

Sensacional! Não, não virão cobrar nada ao poeta se não o fazem agora, porque mais tarde, quando todos os frutos concretos e as provisões das formigas já tiverem se desfeito em pó, verificarão que o poeta generoso e perdulário deixou algo mais durável do que o metal, e capaz de reacender no coração dos homens verões com horizontes iridescentes em meio ao mais longo dos invernos.

Abração, poeta Assis!

Cris de Souza disse...

emocionou-me, és um poeta exemplar!

beijos e beijos.

Ingrid disse...

és cigarra que canta versos...
beijo poeta querido..

Tania regina Contreiras disse...

Por mim, cobraria apenas que os teus versos não se findassem após o fechamento do ciclo do mil e um...Que venham mais e mais...
Beijos,

ítalo puccini disse...

as preciosas "inutilidades" :)

abraços

Anônimo disse...

Uma saga incrível!

Beijo.