p/ Marcantonio
se me falham sentidos sopro o cerne da palavra
desencontro-me em sede e deserto abismado
comparo o gato a um desengano como Voltaire
em desvario de louco no quarto escuro da casa
se me falham os sentidos sopro o cerne da palavra
então galopo em corcel avermelhado pela tarde
comparo o cavalo a um desengano como troiano
pois no ventre do ser inunda a chaga da destruição
se me falham os sentidos sopro o cerne da palavra
divago sem redenção, sem o fundamento da ilusão
em nada comparo o desterro que impõe o vocábulo
matéria fria, estrutura amorfa do corpo sem sintaxe
15 comentários:
É ler e enxergar aqui o Marcantonio. Nada como um grande poeta para enxergar a alma de outro grande poeta: perfeito, Assis...maravilhoso!
Beijos,
No cerne da palavra é que mora a questão, o ser ou não ser de tudo, de todas as coisas...
Poema lindíssimo, homenagem mais do que justa!
Assis e Marcantonio: que dupla!
Abraços aos dois grandes poetas.
no cerne das palavras tudo se pode, toda poesia se esconde e todo lamento encontra lenitivo.
bela homenagem.
abraço!
arrasou, mestre!
o mago merece um poema desta envergadura.
beijosssssssssss.
Se me falham os sentidos,,,tento fazer poesia de alma...abraços de bom final de semana.
Repito aqui o que disse a Lara:
Orgulho de poeta cresce quando ele se sente inspirado por alguém que tem a poesia como missão...
Beijinho de mais um fim de semana, poeta Assis!
ASSIS!
Batalha de almas poéticas. Amo felinos e cavalos.
Beijo
Mirze
Marcantonio ficou muito bem assim, na intimidade entre poetas, deitado na rede de pijama e cartola.
não faltou nem o pé de pato para os mergulhos emergenciais no mar azul temporário.
abraço
ps: parabéns pela bela entrevista no Roxo-violeta e no Mínimo Ajuste!
Rapaz, ponho o dedo em cima da dedicatória e leio o poema ele mesmo, um espanto: uma tríade dialética sobre a frustração dos sentidos (vocábulo que tem mais de um sentido)e esse voltar-se por socorro às palavras, soprar-lhes as brasas já mortiças para a insurgência de um fogo mítico que, porém, não irá alimentar as caldeiras que alimentam as forças motrizes da realidade. Para mim, no fim das contas, as palavras também me falham, engendram o logro de um cavalo de Tróia; abrir os portões francamente para elas já prenuncia uma derrota diante das sensações, concretas e sem conceitos, da vida. Antes a coisa sentida, quase inefável, do que o conceito!
Agora, se pudesse tomar ao poema um verso que me definiria seria este: "divago sem redenção, sem o fundamento da ilusão", para o meu próprio desassossego, diga-se.
Tiro o dedo de sobre a dedicatória, outro espanto, meu nome associado a a um poema belo desses!
Obrigado, Assis! E também pela entrevista que me revelou insuspeitadas afinidades.
Um abração!
Assis e Marcantonio - dois grandes - unidos imensos
:)
beijos
não te falham os sentidos, não, amigo assis; eles explodem em remoinhos de inquietações para, no instante seguinte, se reconjugarem na mais completa das estruturas nefilinas segura das suas próprias asas. o voo é a demanda e todo o círculo em que ela se aplaina.
forte abraço para ti e para o marcantónio!
Corpo sem sintaxe: sinta-se, síntese...
Imenso, imensurável poema, ò poeta de feiras fartas...
Se por "desafeto" homenageias assim, imagine-se afetivamente! O homenageado iria ao infarto...
Abraço fartando amizade,
Ramúcio.
E o cerne da palavra é fluxo...
Esse fluxo do qual só nos aproximamos em estado de poesia.
Parabéns pelo poema, de merecida homenagem.
Abraço os dois Poetas.
tua palavra sempre viva ..
e vive.
beijo querido..
Nada falha em teus poemas, Assis. E junto com esse poeta destinatário, impossível resistir.
Beijo aos dois.
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