aguardo as indocilidades do mar
a atroz impossibilidade do vento
sal e ar a se imiscuírem na pele
formando essa camada disforme
que peja a marca de uma sombra
pulsam os relógios ensimesmados
tenaz o rio açoda a vértebra do tempo
cai-me a visão sobre matéria e ossos
eu que num breve estertor serei cinza
enquanto fluem as imagens em aflição
19 comentários:
Maravilhoso, ASSIS!
Essas "imagens em aflição", caíram bem demais no poema!
Beijo
Mirze
E enquanto não virar cinza do tempo, que se viva todas as cores da vida...abraços de bom final de semana.
Ser tempo/memória é perder-se antes do agora pra viver depois. E você fez ventania, mar revolto e tempestade de areia. Viver do passado é tão inóspito quanto.
Não é bom de ler, mas você e o poema são geniais.
cheiro de mar.
A imagem foi impactosa, eu que já acostumei a ver as imagens emergirem apenas da palavra do poeta. Os versos foram, mesmo, feitos para o quadro: Dali uniria um e outro, porque caíram perfeitos os versos.
No mais, é você, assim, sempre me deixando com a sensação de que é impossível dizer o mundo se não se for poeta.
Beijos,
Olá amigo Assis!
Vá lá aguardado as indocilidades do mar e a atroz impossibilidade do vento, enquanto vai passando mais uma semana vá arrancado da alma mais uma poesia!
Um grande abraço
Assis,
E eu continuo a lhe dever, num devir que ainda virá, aquele poema dizendo de Salvador Dali...
Pensando bem, nem lho devo mais: cê acaba de pagar por mim minha dívida, ou será que ela fez foi aumentar diante desse seu magnífico "breve estertor"?
Mas, a partir de aqui, o fato é que tô mais fã de Dali, e mais fã de você...
Abraço salvo,
Pedro Ramúcio.
Ótima representação da tela, Assis. Aguardando as indocilidades do mar, muito bom! ;)
tenho medo do relógio que faz tic-tac noite inteira.
já muito muita gente tentar poemar em cima do surrealismo do genial Dali. mas poucos com tanta competência: só com o delírio das palavras isso é possível. e as palavras só deliram em bocas de loucos e mãos de poetas de verdade.
abraço.
Um dialogismo perfeito entre as palavras e o poema. Surreal!...
L.B.
maravilha Assis !
amo Dali e teus versos...
beijos perfumados
Olá Assis,
Adorei! De muita sensibilidade seu poema. Lindo, muito lindo.
Já o estou seguindo, pois adorei vir aqui. Se quiser retribuir, conheça o meu recanto e, se gostar, siga-me e deixe um comentário em minha postagem, ok? Ficarei muito feliz em vê-lo por lá.
Um grande abraço e uma ótima semana.
Maria Paraguassu.
visão do tempo em aflição...
me agrada esta vingança poética rsrsrsr
abs Assis
O poema é fantástico...fiquei docemente presa ao primeiro verso, tamanha a beleza...
bjo!
podia dizer que este poema é memorável, mas como não costumo ser previsível...
beijos, mestre!
Às vezes, o tempo me causa aflição...
Um beijo doce.
Sem dúvida o mar indócil. Belas imagens em aflição!
Belas imagens que não se repetem mas se referem.
Beijo, Assis.
mescla de trigo e água, rebento tenaz em silencio de Ode e dali.
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