sexta-feira, 29 de julho de 2011

659 - ode ao tempo e a persistência da memória

p/ o quadro de Salvador Dali




aguardo as indocilidades do mar
a atroz impossibilidade do vento
sal e ar a se imiscuírem na pele
formando essa camada disforme
que peja a marca de uma sombra

pulsam os relógios ensimesmados
tenaz o rio açoda a vértebra do tempo
cai-me a visão sobre matéria e ossos
eu que num breve estertor serei cinza
enquanto fluem as imagens em aflição

19 comentários:

Unknown disse...

Maravilhoso, ASSIS!

Essas "imagens em aflição", caíram bem demais no poema!

Beijo

Mirze

Everson Russo disse...

E enquanto não virar cinza do tempo, que se viva todas as cores da vida...abraços de bom final de semana.

Mai disse...

Ser tempo/memória é perder-se antes do agora pra viver depois. E você fez ventania, mar revolto e tempestade de areia. Viver do passado é tão inóspito quanto.

Não é bom de ler, mas você e o poema são geniais.

cheiro de mar.

Tania regina Contreiras disse...

A imagem foi impactosa, eu que já acostumei a ver as imagens emergirem apenas da palavra do poeta. Os versos foram, mesmo, feitos para o quadro: Dali uniria um e outro, porque caíram perfeitos os versos.
No mais, é você, assim, sempre me deixando com a sensação de que é impossível dizer o mundo se não se for poeta.
Beijos,

José Sousa disse...

Olá amigo Assis!
Vá lá aguardado as indocilidades do mar e a atroz impossibilidade do vento, enquanto vai passando mais uma semana vá arrancado da alma mais uma poesia!

Um grande abraço

CANTO GERAL DO BRASIL (e outros cantos) disse...

Assis,
E eu continuo a lhe dever, num devir que ainda virá, aquele poema dizendo de Salvador Dali...
Pensando bem, nem lho devo mais: cê acaba de pagar por mim minha dívida, ou será que ela fez foi aumentar diante desse seu magnífico "breve estertor"?
Mas, a partir de aqui, o fato é que tô mais fã de Dali, e mais fã de você...

Abraço salvo,
Pedro Ramúcio.

Anônimo disse...

Ótima representação da tela, Assis. Aguardando as indocilidades do mar, muito bom! ;)

dani carrara disse...

tenho medo do relógio que faz tic-tac noite inteira.

Celso Mendes disse...

já muito muita gente tentar poemar em cima do surrealismo do genial Dali. mas poucos com tanta competência: só com o delírio das palavras isso é possível. e as palavras só deliram em bocas de loucos e mãos de poetas de verdade.

abraço.

Lídia Borges disse...

Um dialogismo perfeito entre as palavras e o poema. Surreal!...

L.B.

Ingrid disse...

maravilha Assis !
amo Dali e teus versos...
beijos perfumados

blog da Paraguassu disse...

Olá Assis,
Adorei! De muita sensibilidade seu poema. Lindo, muito lindo.
Já o estou seguindo, pois adorei vir aqui. Se quiser retribuir, conheça o meu recanto e, se gostar, siga-me e deixe um comentário em minha postagem, ok? Ficarei muito feliz em vê-lo por lá.
Um grande abraço e uma ótima semana.
Maria Paraguassu.

na vinha do verso disse...

visão do tempo em aflição...
me agrada esta vingança poética rsrsrsr

abs Assis

Daniela Delias disse...

O poema é fantástico...fiquei docemente presa ao primeiro verso, tamanha a beleza...
bjo!

Cris de Souza disse...

podia dizer que este poema é memorável, mas como não costumo ser previsível...

beijos, mestre!

Teté M. Jorge disse...

Às vezes, o tempo me causa aflição...

Um beijo doce.

Nilson disse...

Sem dúvida o mar indócil. Belas imagens em aflição!

dade amorim disse...

Belas imagens que não se repetem mas se referem.
Beijo, Assis.

Rejane Martins disse...

mescla de trigo e água, rebento tenaz em silencio de Ode e dali.