não espere
que eu volto nunca mais
nem mesmo para não dizer
ficar amuado em silêncio
e recontar
os vitrais da amurada
como a vez que aconteceu
não, não espere
que eu volto nunca mais
nem mesmo livros
nem mesmo dúvidas
não, não espere
corre o risco de ficar à toa
esse rosto que persigo
e que nunca ofereceste
corre o risco de se perder
o ser que colhe a reticência
que emprega dois pontos
não espere
passos voam em direção
os equívocos estão postos
as quimeras desfeitas
o que não foi, foi feito
não espere
que eu volto nunca mais
3 comentários:
pois é, é sabido que adoro madrigais.quanto a mim, volto, visse.
me lembrou lisbon revisited...
cheiro, seu moço.
Um dos mais bem realizados. Inclusive pela transgressão no "não espere/ que eu volto nunca mais". Espera-se o "volte", mas vc joga com o inesperado.
"...eu adoro home brabo..." (risos)
Você condensa e faz extrato de poesia.
Maravilhoso.
P.S.
Recebi " o Ulisses no Supermercado"
Presentão, Assis.
Um super hiper obrigada.
Um bom natal prá ti e que possamos sempre ter as melhores palavras uns para com os outros.
Paz!
Oportunamente comentarei sobre o livro, tá bem?
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