Prendo-me a ourivesaria da palavra
labor de atroz operário
que segue a sina sem louvor
usina de sons e estribilhos
querem-me ferir os ouvidos
atento ao sino casto
cumpro carpir cognatos
e sendo inteiro o meu fervor
deito rédeas e esporas
para que não me finja o vocábulo
16 comentários:
Sempre versos fortes e intensos...uma bela quinta pra ti amigo...abraços.
Assis, mais um excepcional poema sobre poemas. Contra a facilidade dos estribilhos reincidentes, o rigor atento ao sino casto (que imagem!)do rigor que chama à razão o poeta-ourives. Pegar o caminho menos fácil, fez, e fará sempre, toda a diferença!
Abração!
Magnífico.
O criador a lapidar
a montanha: com suor,
esmero e espanto.
Forte abraço,
camarada Assis.
"atento ao sino casto
cumpro carpir cognatos"
Escrever é mistura de desejo e necessidade de contrapor nossos vazios com a vastidão das palavras...
Corre-se muitos riscos, é claro. Mas antes de uma tarefa paradoxal é um dever cumprido, respaldo de intensa leitura e reflexão.
Um beijo!
Poeta é assim - precisa falar de seu ofício, que afinal preenche mais de metade de seu tempo. E quando fala dele, reinventa o poema.
Beijo pra você.
Poeta de imagens espetaculares!
beijos
Ótimo!
a arte poética e seus labores. como torga, a poética faz-se com suor, lavrando, dobando, talhando, prospectando...
hoje já nem os românticos acreditariam apenas na inspiração...
um forte abraço, poeta!
Até na aspereza seus versos são macios e leves como plumas...
Abraço, Assis, querido!
A palavra é de ouro.....
O labor.....de prata
Carpir cognatos ao som de sino casta!!!!!!
Espetacular!
Beijos, poeta!
Mirze
assis,
após um de meus rompantes, o renato vira-se pra mim, e diz:
- hoje você acordou mais grosso que papel de embrulhar pregos.
e eu:
- acordei lixa.
e encerrei, áspero.
esporar o verbo? que sangre, então.
goasto do poema que me deixa, à mão, um cabo de guarda-chuva, ou um ponto de interrogação.
beijão, ó de ondina!
r.
Ourives costumam trabalham com ouro e o transformam em jóias maravilhosas. Você "doura" as palavras com seu talento e as transforma em pedras preciosas. Lindo, seu poema, poeta.
..."usina de sons e estribilhos
querem ferir os ouvidos. Acredite, "ouvi" os sons da usina das palavras. Fiz uma confusão, mas você deve ter entendido que amei seu poema, não é Assis?
Beijosss, poeta.
Adorei o "nojentinho " do bomeco.[rs]
Pude ver uma bela imagem em cada frase, Assis compondo o verso. Hoje te elogio pelo show de belas imagens em poucas palavras. Bom fim de semana.
Olha só: Assis, o ourives! Quem faz - no oceano de suas inquietudes - as palavas reluzirem como jóias preciosas.
Eu aaaaaaaamo metapoemas!
Adorei, muito lindo!
^^
E quanto poema lindo nasce dessa usina...
Sigo seu rastro pois és um dos mais atentos, faz jóias de ouro de palavras de latão, és verdadeiro alquimista das letras.
=)
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