Vem fecundar os segundos desta manhã
Com a prenhez das tuas mãos
E afugentar os ventos aziagos
Que me fazem volta aos sentidos
Deixa-me ser teu gentil carpinteiro
A esculpir alvoradas
A delinear com a brasa da saliva
Este território em que me habitas
* O poema acima é filho deste abaixo. O poema de Moacyr Félix me acompanha há muito tempo, quando as paixões violentas corriam nas vastas encostas e havia sempre luzes para recomeçar.
VEM!
Não me deixa sozinho,
catavento à mercê de um vento frio.
Vem
encher com teu corpo de moça
o vazio, o imenso vazio...
Vem
apagar toda esta dança de luzes
luzes loucas, loucamente piscando
na cidade escura dos meus pensamentos!
Vem, depressa, vem
abrigar o meu impulso de fim
como um rei entre as tuas coxas
ou trazer nos lábios o esquecimento
das coisas que eu desconheço
mas são brasas
aprisionadas dentro do meu cérebro.
Vem
empurrar com a carícia de tuas mãos
esta noite estranha que cresce, que cresce...
17 comentários:
Mas vem logo, que a solidão me devora....belissimo meu amigo...abraços de bom final de semana.
Com um pedido desse...
Que belos versos!
^^
Que lindo!
Estou em um dia difícil, mas enternecida com as suas palavras.
bj.
Pois o filho saiu ao pai, meu querido Assis: ambos muito lindos!
Grande abraço!
heterônimos de Assis :)
adorei esse Moacyr Félix, quero ver mais poesia dele
beijos
Que boa surpresa, ver o poema de Moacyr Felix, que conheci aqui no Rio, nos anos 80, amigo de uma amiga.
Lembro bem dele, em sua editora, num papo com a gente e o Pedro-esqueci-o-sobrenome, crítico e colunista do JB. Bem o estilo dele. Um cara muito legal.
Beijo pra você.
Diria que são poemas-irmãos.
Coisas lindas postou aqui, Assis, vi uma continuidade tão grande de uma escrita para a outra que as artes dos dois poetas se fundiram.
Lindo!
Beijo.
Assis!
Continue apanhando brisas e esculpindo alvoradas.
Afinal, é sua a genialidade que arranca suspiros!
O "pai" é de um domínio intenso!
Bravo, poeta!
Beijos
Mirze
Uma beleza, melhor dizendo, de uma beleza enorme.
Melhor dizendo, duas belezas enormes!
Que pedido! Assis fica fácil consquistar, as moças e os fãs!
Lindo, Assis!
Que alegria conhecer este espaço de mil e um encantos...
Fecundaste uma alvorada em minha retina neste instante...
Um beijo!
Noooossa Assis, que poemas lindos, sensuais... Tal pai, tal filho.Taí um caso em que a hereditariedade não é um fator de risco...[rs]
Dei um copy nos dois, tá? Mas sempre levantei a bandeira dos direitos autorais, não se preocupe.
Um beijo, poeta talentoso.
Esse 333 está belíssimo e nada deve ao poema, também excelente, que o motivou.
E segues em boa produção, rumo ao 1001. Sigo-te!
Abraço fraterno.
E salve a Bahia!
São poemas de se nos acompanhar por uma vida - ou mais. ;)
Um cheiro
Quem sai aos seus, não degenera...
O "pai" nos toca a alma e o "filho" arrebata-a...
Simples assim...
Teus mil e um poemas poderiam tornar-se um belíssimo livro.
Faço, já, minha encomenda... rsr
Beijos, meu poeta.
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