Protejam-se de todos os silêncios.
Mantenham a distancia necessária
ao contato das palavras e versos.
Afastem sobretudo as crianças
- para que não fiquem encantadas
de melancolia -
Porque neste canto a tarde sangra
e eu espalho com crueldade e magia
o sabor, o êxtase, o vício, o lúdico.
Ofereço a ourivesaria dos sentidos
para aqueles que estão desprovidos
ou se masturbam em ambições cotidianas.
Destino uma cota de sutil metafísica
a materialidade da ordem vigente.
Emplumo de flores dedos e pássaros
e acaricio teus desejos mais abjetos.
Desfaleço entre os azuis que entardecem
para vingar a correnteza eterna dos rios
e a sufocante repetição de tantos dias.
20 comentários:
Um poema forte e intenso,,,e é dificil nao se encantar pela melancolia,,,abraços de bom dia.
Pela amplitude da percepção do poético, não é profano, mas sagrado. É dos melhores poemas que li aqui. Que belo:
Destino uma cota de sutil metafísica
a materialidade da ordem vigente.
Emplumo de flores dedos e pássaros
e acaricio teus desejos mais abjetos.
Quase um manifesto.
Grande abraço, Assis!
Assis:
Forte este poema, cheio de imagens bonitas.
"Desfaleço entre os azuis que entardecem
para vingar a correnteza eterna dos rios
e a sufocante repetição de tantos dias.": soberbo!
um abraço
tanto sufoco, deixas-me sem ar
repeteco dos dias, azuis a desfalecer, ah melancolia ao raiar do dia. E na noite Assis, na noite os olhares brilham..tua poesia repercutiu assim aqui.
Beijos
A rotina, amigo Assis, a rotina...
Ai...
Abraço
Ai, a correnteza eterna dos rios
carrega nossas ambições cotidianas.
Beijo encantado.
Mesmo que os dias se repitam, e que não pareça mais haver palavras para toda a nostalgia, sua poesia só se renova e me encanta mais e mais, poeta!
da melancolia dos dias brotam pétalas suaves.
Seria um pecado afastar as crianças disso...!
Nossa hoje você foi ferfeito..
bjs
Isana
Eu, encantada de melancolia, recolho a poesia que espalhas.
Aceito e careço da tua ourivesaria dos sentidos.
E agradeço pela beleza do poema.
bjs
Rossana
Belíssimo, Assis!
Que os rios compreendam este desfalecer para vingar a repetição.
Beijos
Mirze
Dífícil, simpático,atraente... sem palavras para descrever sensações me impostas por esse poema!! Mas uma coisa tenho certeza, mesmo não sendo criança fiquei encantada com sua melancolia! PArabéns!!!!!
Dê-me a escolha - quero o "contato das palavras e versos"; quero entarde_ser.
Consegui atualizar a leitura, entretanto, diante do tempo exíguo, não pude comentar todos os poemas.
Beijos saudosos
Este canto encanta os sentidos, desfalecidos entre azuis que entardecem...
Assis, poemaço esse, daqueles de encher o peito da gente
um beijo
ena, assis, diante deste requiem tenho de deixar-me morrer com um sorriso no lábios... magnífico, pois.
(sabes uma coisa? não consigo manter a distância ao contacto das palavras e dos versos...)
um abraço!
"Ofereço a ourivesaria dos sentidos
para aqueles que estão desprovidos
ou se masturbam em ambições cotidianas".
Que coisa, Assis...que encontro tão marcante com seus versos hoje...Pego-me arrebatada por eles. Tomaram um espaço enorme em mim hoje.
Abraços,
Tânia
a última estrofe, por si só, é um grande poema.
besos
Desfalecer entre oa azuis que entardecem: poesia, muita poesia.
Faleci!
Me imaginei lendo em voz alta ao som do Requiem de Mozart;
mil e um cheiros
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