sexta-feira, 16 de julho de 2010

277 - Balada de outros e tantos mares

                   ao poeta Jorge Pimenta

Creio que o sagrado o tempo dizimou
Com seus dentes metálicos.
Sequer os vestígios desta moagem
Nos ficou emparedado nos engenhos,
Nas tramas sinuosas e nos obituários
Que convergem em solene cavalgada.

Creio que nos restam os profanos sorrisos
Aqueles de outrora, que não se quedaram
Na avalanche das cidades envidraçadas
na torrente das fumaças desencontradas
e perscrutam ainda sinais nesta imensidão

Creio que as palavras não dão vazão a este rio
mas a nós cabe navegar esta nau e este desvario

13 comentários:

Jorge Pimenta disse...

querido amigo, levas-me as palavras e deixas-me entregue ao silêncio. incrível como percorres tantos dos meus lugares vazios emblematicamente envoltos nessa cortina de possibilidades que estendes com as mãos do verbo "crer", como se nada fosse definitivo ou definido (mas, sê-lo-á?...). percorro-me no teu navegar por ondas que bem reconheço: o sagrado e o profano; os obituários e a vida; as avalanchas e os pequenos sinais; a pequenez da palavra na corrente infinda do rio; o rio e o mar; o mar e a viagem; a viagem e a nau. tudo moldado pelo desvario de uma só certeza: mesmo que as palavras não dêem vazão ao rio, o nosso destino cumpre-se na nossas mãos, bem fincadas sobre o leme da nave a que chamamos vida, afecto, poesia.
assis, a minha reverência! poeta, nas tuas palavras sinto-me mínimo. jamais esquecerei este gesto!
um grande abraço!

Andrea de Godoy Neto disse...

Assis, só mesmo a enormidade de um poeta como tu para desvendar-nos essa imensidão e profundeza, tal rio que percorre luzes e sombras, que é o poeta Jorge.
Nem eu tenho palavras, só um arrepio que percorre-me o corpo.

beijo, aos dois!

Anônimo disse...

Da prova maior da grandeza do ser humano é reconhecer-se humilde na gratidão. E aqui a homenagem é justa pois da palavra se edifica a beleza da alma. Honras aos dois.

Luz para os teus dias, Assis!

Marcantonio disse...

Rapaz, esse poema é uma verdadeira rosa dos ventos da poesia! Elogiá-lo e desperdiçar palavras, tão superior ele é. Só dizendo como no êxtase de uma sala de concertos: BRAVO!
Que bom poder presenciar a grandeza de vocês dois!

ABRAÇÃO!

Anônimo disse...

Assis, nós nunca vamos escrever um elegio como tu, pelo menos eu!
Agradeço-te, não só pelo que escreveste ao Jorge, como pelo o que escreves (para todos nós, simples humanos)
Beijos
Laura

Tania regina Contreiras disse...

De uma beleza quase indizpivel, Assis... Parabéns a ti e ao Jorge.
Abraços,
Tânia

Gerana Damulakis disse...

Para ambos, parabéns!

Anônimo disse...

Nossa, tão lindo e forte! O Jorge merece, é um grande poeta.

Beijos de admiração nos dois!

Cida disse...

Com toda certeza, meu final de semana vai ficar bem mais rico e luminoso após essa leitura!...:)

Parabéns aos dois poetas!

Grande abraço

Cid@

Lou Vilela disse...

Linda e merecida homenagem, meu caro! O Jorge é um grande poeta!

Evidenciaste bem, desde o título: teu poema cabe a tantos mares... Emerge em linguagem universal.

Um forte abraço aos dois poetas.

Sueli Maia (Mai) disse...

Poema e homenagem que me toca, porque tu e o Jorge me emocionam.
Imensamente belos, o poema, os poetas, a homenagem e o
comentário-gratidão.

carinho por ambos, abraço a ambos

Cheiros de mar prá ti

Primeira Pessoa disse...

ô,
queria eu ter a capacidade que você e o marcantonio (e outros poucos) possuem pra sair homenageando as pessoas das quais gostamos, que nos fazem bem, com poemas...

poxa, ultimamente desaprendi a dizer euteamos...

mas tiro o chapéu procês que tudo sabem.
e tiro o chapéu (também) pro homenageado jorge pimenta, gajo (ps) bom... uma das pessoas mais doces que conheci... (mesmo com esse sobrenome dizendo o contrário...rs)...

um dia destes acordarei poeta e vocês, amigos queridos, sofrerão homenagens minhas...

promessa é dúvida...rs

beijão, zé de assis...

r.

Cris de Souza disse...

Que primor!
Admiro a ambos, simples assim...

Beijo nos dois.

(Repito aqui o que disse lá)