sexta-feira, 19 de março de 2010

158 - Poema sinfônico

Fez ruído na paisagem
E eu não despertei.

Havia um dorso nu
Pejado de flechas silentes

Em um vão perdido
No resto de sofreguidão

8 comentários:

Primeira Pessoa disse...

o poema evocou, em mim, a imagem de são sebastião, todo "flechado"... o quadro na parede da casa de uma vizinha lá em são raimundo... eu, menino... sentia a dor de são sebastião...

felizmente, existem flechas e flechas, né poeta?

Sueli Maia (Mai) disse...

Lembrei são Sebastião flechado mas hoje é dia de são José, então lembrei que nas dores e vazios, o silêncio tem sua retumbante sinfonia.
cheiro, José.

Jorge Pimenta disse...

Eu fui levado até Aljubarrota, cantada por Camões, num dos mais belos quadros do visualismo e realismo descritivo de que há memória. Permite-me, Poeta, que o traga até aqui:
"Já pelo espesso ar os estridentes
Farpões, setas e vários tiros voam;
Debaxo dos pés duros dos ardentes
Cavalos treme a terra, os vales soam.
Espedaçam-se as lanças, e as frequentes
Quedas co as duras armas tudo atroam.
Recrecem os immigos sobre a pouca
Gente do fero Nuno, que os apouca."
Camões, Os Lusíadas, Cavto IV, est. 31

Abraço!

... disse...

E a sinfonia permanece nas ausências...

Abraços,
mR.

Gerana Damulakis disse...

Já o 1º verso vale por todo o poema, pelo modo: "Fez ruído na paisagem", muito rico!

Anônimo disse...

Um vão abre leques de possibilidades.

Beijos.

Lou Vilela disse...

O silêncio fere. Normalmente, os corpos atingidos passam à margem, apesar do barulho na paisagem.

Beijos

nina rizzi disse...

pois, em mim evocou o torso nu de anita malfatti. evocou minhas invocações inaudíveis, ao que parece. assim ó:
senta à secretária.
hot, hot, hot.
xi, o meu é ponto G,
será porisso tão fria
a ausência, a desnotícia?

um beijo, meu rei.