em algum lugar ouve-se a voz
e nunca lugar houve a ouvir-se
senão como coração a pulsar
a evadir-se sem mar e solução
em algum lugar repito a canção
e repilo os ombros que amparam
mas ensombrecem a paisagem
e busco mãos como se fora luz
os deuses tecem a sua urdidura
e baloiço meus vestígios pela rua
algum lugar dobra-se em esquina
e reconstrói o arco-íris do amanhã
13 comentários:
E quedo-me em silêncio e sal.
Coisa de estourar um coração.
um beijo, POETA!
Em algum lugar entre a terra e o céu, você, a poesia e essa canção.
Meu Deus! Benditas palavras e mãos.
li,relí, trilí e é incrível, é como plasmar como um corpo, um poema, de uma garganta, o silêncio de um interior.
alguns poemas eu preciso ler e ler e ler muitas vezes. mas não é só a dslexia. aqui há uma aparente contradição no segundo e quarto versos da segunda estrofe... mas isso também nada tem a ver os meus deuses.
então eu escorrego até seu último verso.
beijos.
retificando meu comentário anterior que pode ter ficado obscuro: a APARENTE contradição do versos citados... os torna ainda mais belos, por serem humanos. humanos dúbios a se buscar no seu último verso: o pote de ouro no final do arco-íris.
outro beijo.
Li e vi com os olhos do tato, do rastro que o bordado deixou na pele: e amei!
Abraços,
Tânia
Canção dolente.Mas na vida não há senão contradições e antinomias. Eventos-esquinas nessa urdidura de linhas irregulares. E esse renascimento de um arco-íris, ora transbordante de cores,ora em matizes rebaixados e pálidos.
Poema tocante.
Abração.
Depois de ler isso, dobro-me e não viro esquina, não vejo meu canto, mas dou a volta no seu mundo poético e volto. Não gosto de voltar... Mas amanhã tem mais =).
Abraço.
"e baloiço meus vestígios pela rua"...
Ai, vontade de fazer um verso assim...rs...
Lindíssimo, Assis!
Um grande abraço!
"os deuses tecem a sua urdidura
e baloiço meus vestígios pela rua"
enquanto os deuses tecem a teia, resta-nos, mortais, baloiçar as pequenas imperfeições à esquina do julgamento definitivo das vozes soberanas. viva o erro! viva a mácula! viva aquilo que nos torna homens! (suspeito que os deuses estejam já a dormir...)
um abraço, Assis!
leio-te e considero - a sorte é minha! besos
Vou pintar um arco-íris, para poder ter um amanha..
Bjs
Insana
"algum lugar dobra-se em esquina
e reconstrói o arco-íris do amanhã": o poema está todo aí nesses 2 versos maravilhosos.
Sim... algum lugar...
Bjs
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