preciso desaprender mais o mistério da cercania,
quem sabe num olhar em volta,
pairando em asas
cumprindo a circunstancia do ser vivente
e reluzindo o negrume das pedras toscas
aquelas esquecidas de beira de rio
onde a água carece de cortejo e luz
e os animais cansados pousam a língua
preciso desaprender com as preces da lua dormente
com os uivos e lampejos que se espiam
como sombras da mata
feito a solidão da alma encantada de trovoadas
17 comentários:
aprender com o instante, com a natureza a essencia da vida. :) bj.
desaprender com as preces da lua dormente é só para os iniciados, zé de assis.
assim que nem...
manja?
(des) aprender é um exercício diário.
Caro Assis, não um só dia que você não assombre com o inusitado de seus versos: sempre e sempre surpreendentes! Desaprender, meu amigo, tem sido minha busca. Parabéns, viu?
e a gente se (des)aprende, né assis. tava pensando, engraçado que temos algo comum na poesia: usamos a música. fazemos suítes, cantatas, cantigas, modas. e eu sempre achei que a poesia está muito mais próxima da música que da literatura. é uma pena eu não saber tocar um violão. mas arranho na gaita todas dos beatles.. rsrs...
óia, um beijo, tá.
queria desaparecer para longe de mim.
não que eu me faça mal, mais é que falta algo.
Bjs
Insana
assis, confesso que preciso sempre reler (e mais de uma vez) para enxergar o poema inteiro...é que cada verso se abre num mundo e eu me entergo...e quando vejo estou lá, encantada por um deles, já esquecidas dos outros todos...
desta vez, "feito a solidão da alma encantada de trovoadas"...ficou dançando na minha boca
beijos, grande poeta!
Aprendemos tanta coisa que vicia ao erro... Só desaprendendo nesses campos que vc cita para poder recomeçar.
Abraço!
se aprender é tarefa árdua, desaprender é hercúlea... mas, nestas coisas de aprendizagem, vergílio ferreira tem uma tirada que nunca mais esqueci: "o erro é a verdade à espera de vez". para quê aprender então, pergunto-me?
(é apenas uma questão académica, obviamente, hehehe).
um abraço, assis!
Veredas mesclando texturas e falas brejeiras. Teu poema brotou bem ali, entre a rigidez e a delicadeza. Arredores e bordas de um coração. Aí eu me pergunto se há rudeza que se aprenda ou amor tão grande que se desaprenda ou do qual se desprenda um homem, assim, só por um querer. Lindo, Lindo. Desaprender é preciso, ou reaprender a aprender prá se poder encontrar novos caminhos, novas veredas. Cheiro
Estava aqui refletindo sobre o comentário da Andrea. Realmente, a beleza ímpar de alguns versos, subverte a leitura tradicional do "sentido" do poema. E eu acho que isso é uma virtude, torna a leitura muito mais prazeirosa, tal como olhar um quadro com sucessivos e misteriosos planos. No fundo, acho que poetas escrevem para poetas.
Assis, um abração!
Assis!
Desaprender é mais difícil. O já aprendido vez por outra atrapalha. Mas na "solidão da alma encantada de trovoadas", o desaprender é mineral.
Belíssimo! Uma chamada e tanto!
Beijs
Mirze
...pedras toscas esquecidas de beira de rio...
Imagem linda, Assis! Tanta pedra tosca esquecida em beira de rio, à margem da poesia...Você fazendo o resgate.
Grande abraço, querido
O poema poderia originar um decálogo do encontro. ;)
Beijos
Marco este poema: excelente.
Assis Freitas, hoje passando para desejar ao Poeta,
um bom fim de semana,
Efigênia Coutinho
Poema lindíssimo, como tudo por aqui!
"feito a solidão da alma encantada de trovoadas..."
Amei essa frase em especial.
bj.
Postar um comentário