domingo, 16 de maio de 2010

216 - poema de algumas vontades

tenho vontades de coisas simples
colher sorrisos e ter avencas no quintal
andar de mãos dadas com as palavras
para que elas não se finjam em ir embora

fazer uma lista de livros que ainda vou ler
cumprir as promessas que fiz outrora
quando havia mais arco-íris nos olhos
reescrever os poemas que estão na gaveta

de pessoas que não se assustem
com este silêncio que derramo nos passos
das auroras no alto da serra de São José
onde o tempo parecia cristalizado no orvalho

do rio da infância que me banhava o peito
das águas que corriam em todas as fontes
do sereno da noite que era invenção do luar

dos dias e das horas de ócio entre os irmãos
dos suspiros na rede em seu eterno vai e vem
tenho vontades de coisas simples

14 comentários:

Unknown disse...

Leiam este poema como o esboço de alguma coisa que ainda hei de escrever. Cheiro de domingo aos que vêm.

Primeira Pessoa disse...

do poema inteiro (é muito bom), separei isso aqui, que é meio que muito da busca da minha história:


"do rio da infância que me banhava o peito
das águas que corriam em todas as fontes
do sereno da noite que era invenção do luar

dos dias e das horas de ócio entre os irmãos
dos suspiros na rede em seu eterno vai e vem
tenho vontades de coisas simples"

essa é a sua sofisticação, poeta: a simplicidade com que tricoteia seus versos, que são palavras bordados num espelho que reflete uma pessoa veraddeira por detrás do poema.

Vanessa Souza disse...

quando havia mais arco-íris nos olhos

Se não tem, a gente inventa :)

Vanessa Souza disse...

A série acabou. Não foi escrita para o blog especialmente, mas para uma publicação onde trabalho. Outras virão :) Minha dissertação do mestrado deve trazer, quem sabe, uma série também. Com outro assunto.

Zélia Guardiano disse...

...andar de mãos dadas com as palavras...
Pois é o que fazes, amigo Assis. Jamais te enconteri sozinho: sempre na boa companhia das melhores delas...

Forte abraço

Anônimo disse...

Esse poema é a sua cara, rs, é a cara dos seus poemas. Que doce =).

Beijo.

Lídia Borges disse...

Maravilhoso!
Um poema em que podemos estar como em nossa casa, de tão próximo.

Obrigada!

Sueli Maia (Mai) disse...

São algumas, Assis e são bastantes porque trazem de volta o tempo da memória, os ventos que não mais. abraço você.

nydia bonetti disse...

Tenho vontades tão parecidas, menino... Ah, como eu queria ter escrito isso. Beijo.

Marcantonio disse...

Ouso dizer que são vontades essenciais. Fundação da casa do teu ser, Assis.

Abraço.

Gerana Damulakis disse...

Gostei muito, Assis.

Tania regina Contreiras disse...

Oi, Assis, me veio também a vontade de coisas simples: ah, tão bom!

Beijos
tania

dade amorim disse...

As melhores coisas da vida são simples. Lindo poema, Assis. Um beijo.

Cris de Souza disse...

Deu vontade de suspirar...