domingo, 17 de outubro de 2010

370 - fantasia para areia, quebra-mar e horizonte

é da natureza dos cristais o singelo
o laço de seda na pele nos jasmins
o eflúvio das horas nos lagartos
a desobediência civil nas árvores

a incontinência em arroios e regatos
a beligerância nos mares e oceanos
o pálido nos meninos esquecidos
o infortúnio nas cercas de estrada

o amor é da natureza das nuvens
como o ócio é da natureza da pedra
não é natureza a poesia nem o poeta
nem o canto,
nem o verso,
nem a rima
nem a (maldita) palavra

20 comentários:

ANGELICA LINS disse...

"o amor é da natureza das nuvens"

LINDO!

Everson Russo disse...

O amor quando se mistura a natureza vira maior paz,,,desejo e sonhos...abraços de otima semana.

Anônimo disse...

O amor, dá bons textos, dá poema, poesia, verso e prosa, só não dá entendimento.
Uma ótiima tarde de domingo pra ti.
Deixo um beijo meu Assis. E levo-te.

Ingrid disse...

na verdade Assis o amor está em tudo... e é ele quem nos move.
Inclusive nas (malditas) palavras!..
fantástico! como de hábito.
Amo ler-te.
beijo.

Lívia Azzi disse...

Também me encantei muito com seu verso:

"o amor é da natureza das nuvens"

Belíssimo poema!

Um beijo!

Jorge Pimenta disse...

o cântico acidulado na voz impulsiona o grito com que se fazem as revoluções dos homens... e da natureza. mesmo que rejeitando o verbo, qual é a revolta que não começa e acaba na palavra... mesmo que a sabendo maldita?...
um abraço!

Unknown disse...

Assis!

Permita-me entrar na natureza da pedra como amor.

A palavra, o verso e a rima, não são, mas estão na natureza de um poeta como você.

Esta eu não embargo!

Beijos, poeta!

Mirze

Lau Milesi disse...

Belíssima sua definição sobre o amor, Assis.
Há palavras verdadeiramente mágicas, como diz outro poeta, o também Grande Quintana. E amor, na minha opinião, é uma delas. Além de mágica, cristalina, singela, sua pureza lembra a seda.Já horizonte, considero também uma palavra mágica.É do horizonte que temos a sensação de que o céu toca a terra ou o mar.
Mas há palavras tristes.
( Maldita / mal dita / "ainda não dita") são exemplos.
Volto às palavras verdes,azuis e branquinhas: esperança, agapantos,crisântemos,azaléas, jasmins, nuvens...
Viajei... poeta.

Um beijo e bravoooooo!!!

Felicidade Clandestina disse...

Só agora percebi que és meu vizinho :))


que coisa boa.
moramos pertinho, praticamente, rs.


abraços meu caro.

Gerana Damulakis disse...

Nossa, este é daqueles". Ele me fez prender a respiração durante a leitura. Super bem realizado.

Úrsula Avner disse...

Oá caro autor, as imagens poéticas desse texto me fizeram suspirar (pela beleza) e refletir (pela presença do conteúdo vivencial/existencial de seus versos). Belo poema ! Um abraço.

nydia bonetti disse...

Que poema incrível, Assis! Que sabemos da natureza das coisas, a não ser das que flutuam, e fazem flutuar... Também fiz um poema de lagarto ontem. Camaleão, mais precisamente. Acho que somos todos da natureza dos saúrios - Andamos todos em busca do sol -:) Beijo!

Tania regina Contreiras disse...

Assis, Assis...Fantasia para areia, quebra-mar e horizonte? Ao ultrapassar esse primeiro minuto poético (o título), tão lindo...encontrei muito mais beleza, meu amigo. O 370 fica para sempre nos meus registros: maravilhoso! O amor da natureza das nuvens...
Beijos,

Eder disse...

Vai ver o amor é da natureza das nuvens mesmo, inconstantes, essênciais...

Um dos melhores daqui (por mais que seja díficil eleger)

Marcantonio disse...

Dizem que o gregos projetavam a polis no cosmos. Nós humanizamos a natureza com palavras, damos a ela a alma dos nomes. Não sabemos sentir sem nomear, ao que parece. Nos revoltamos contra as palavras, mediadoras das sensações. E como as insultamos? Com palavras. E isso é muito interessante! Como Io fugindo dos moscardos.

Belo!

Abração.

dade amorim disse...

Tudo verdade, difícil de administrar - a natureza, a poesia, o que é e o que não é.

Daniela Delias disse...

A poesia é a tua natureza, meu amigo...
Bjo!

Everson Russo disse...

Uma belissima semana pra ti amigo,,,abraços.

Anônimo disse...

Estridente! Gostei, querido poeta!

Beijo.

Cris de Souza disse...

A palavra não tem fronteiras...

Uma salva de palmas, por gentileza!