Era ainda alvo o caminho cego
A correr desatino de sal e ruas
Na fronte de tantos chamados
Louros os cabelos ao derredor
Com as luzes piscando atonitas
Nessa louca míriade de olhares
Tudo vinha em pedras e asfalto
Na pele luzidia dos automóveis
Nos deuses dançarinos do sinal
Na fileira dos cães da marquise
Entrelaçados nos cheiros do cio
Na vacancia de setas ou sentido
Na silhueta poética das sombras
Traçadas por espirais de fumaça
No coito ágil apressado no beco
O desatento balé dos transeuntes
Na calma onda do mar que sorve
As lágrimas desse tosco orgasmo
15 comentários:
A madrugada é sempre inspiradora e instigante, com suas cores opacas e suas escuridões inexplicaveis...abraços de bom sabado.
Espetacular! A imagem do beco se formou na hora em que li aquele verso e, como já havia o embalo dos demais versos, a sensação foi incrível.
Assis, a noite em versos teus me levam longe nos sons e cores.. e porque não,amores..
Beijos e bom sábado.
Seus vários idiomas de fim de noite. Muito bom, Assis!
Beijo.
Assis!
Só grandes poetas como voce, traduzem a linguagem secreta das madrugadas em alvo caminho cego.
E as lágrimas fazem parte dessa tsunami poética!
Beijos, Poeta 1000!
Mirze
perfeito...Um canto em versos.
bjos achocoaltados
Transforma todos os atos e paisagens em poesia.
Dom abençoado!
bj
Rossana
Lindo, Assis.Muito lindo! Sua poesia é de intenso lirismo.
..."Nessa louca miríades de olhares"...
... "na silhueta poética das sombras
Traçadas por espirais de fumaça"...
Interessante, consigo visualizar as cenas. D+! Parabéns!!
Beijo, poeta Assis.
a poesia do tosco também merece mar :)
beijos
Olá poeta,
aí está uma apurada e sensível descrição poética do cotidiano nas cidades. Um abraço.
Sensacional. Um clima denso, inquietante. Tem algo de baudelairiano essa linguagem da madrugada, de "Crepúsculo da manhã" ou "Crepúsculo da Tarde".
Grande!
Abração!
Visual e em movimento como um filme. Triste, triste.
Beijo pra você.
Um belo domingo, otimo feriado e otima semana pra ti amigo,,abraços.
o (aparente) paradoxo do derradeiro verso acaba por adensar, ainda mais, a bruma espalhada pela mão que desenha o título. é que nem a metalinguagem da poesia resolve todos os mistérios que se escondem por detrás dos vestidos brancos das manhãs...
um abraço, assis!
as suas metáforas são as mais elaboradas do pedaço.
sabe a quê veio, meu caro!
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