puseste um condomínio de deidades na poesia
circundaste de diáfana teia a corola do verso
agora o sopro do cio contaminou-se em sílabas
agora o horizonte é o espaço de concupiscência
e borboletas lilases esquecem-se na caligrafia
e girassóis rugem infortúnios na tarde solitária
sexta-feira, 31 de dezembro de 2010
quinta-feira, 30 de dezembro de 2010
448 - canto de alforria em beira de lagoa
meu desejo vivia acoitado no vão de duas pernas,
peras tuas que me embelezavam as mãos
e escorria coitado no sêmen de antigas bananeiras
quando o coito era sortilégio de brisas enluaradas
no tão à toa de vagar em visgo de tanta armadilha:
pássaros regem o penar no desengano das auroras
peras tuas que me embelezavam as mãos
e escorria coitado no sêmen de antigas bananeiras
quando o coito era sortilégio de brisas enluaradas
no tão à toa de vagar em visgo de tanta armadilha:
pássaros regem o penar no desengano das auroras
quarta-feira, 29 de dezembro de 2010
447 - quando o astro se descola da órbita
tudo finda aqui na mão que estrago
a dádiva que renego a cada trago
o beijo e o arroubo na mesma boca
o cio consumindo meu pouco dia
o fastio na fração de cada segundo
e o incessante frio a me mastigar
a dádiva que renego a cada trago
o beijo e o arroubo na mesma boca
o cio consumindo meu pouco dia
o fastio na fração de cada segundo
e o incessante frio a me mastigar
terça-feira, 28 de dezembro de 2010
446 - pequeno diário de rasa profundidade (romanza)
entre mares, cambraias, finas redes
caem-me lágrimas de muitos sais
sol e solidão em maresia me ardem
cultivo foices na paisagem desolada
entre mares, cambraias, finas sedas
caem-me em cordas uma rubra sede
noite e estrela em romaria e alarde
adaga e punhal rasgam a madrugada
caem-me lágrimas de muitos sais
sol e solidão em maresia me ardem
cultivo foices na paisagem desolada
entre mares, cambraias, finas sedas
caem-me em cordas uma rubra sede
noite e estrela em romaria e alarde
adaga e punhal rasgam a madrugada
segunda-feira, 27 de dezembro de 2010
445 - pequeno diário de rasa profundidade (versos soltos)
eu tinha o clamor para ti
poemas de uma nota só
no seio da voz dissonante
miragem de quando existo
e curva e sina se encontram
num mesmo mergulho raso
torto arrepio que cala a alma
embaraço de tantos passos
neste mistério já tão escasso
poemas de uma nota só
no seio da voz dissonante
miragem de quando existo
e curva e sina se encontram
num mesmo mergulho raso
torto arrepio que cala a alma
embaraço de tantos passos
neste mistério já tão escasso
domingo, 26 de dezembro de 2010
444 - Sob o espanto de uma possível caligrafia
talvez não tenha sido no ontem
que colhi as dádivas da tua lembrança
pois no barco que balouça cada vaga
antevejo os teus futuros olhares
e no silencio eterno de cada pedra
possamos desfolhar pétalas e distancias
que colhi as dádivas da tua lembrança
pois no barco que balouça cada vaga
antevejo os teus futuros olhares
e no silencio eterno de cada pedra
possamos desfolhar pétalas e distancias
sábado, 25 de dezembro de 2010
443 - pequeno diário de rasa profundidade (anotações esparsas)
Observo atentamente os vestígios
A existência deixa seus rastros
A sobra da maquilagem esquecida
O leve inclinar do corpo ao passo
A resistência dos lábios disformes
Cada batida no coração destronado
O inefável declínio de pele e ossos
O canto da cotovia assustada
O irremovível papel de parede
As cinzas do cigarro inacabado
O repouso da mão sobre o colo
O perene vento a esparramar-se
O fogo que atiça a longa noite
A proeminência das horas
A sede, o fastio, a flor na lapela
A intromissão dos fatos proibidos
A memória, o retrato, a página
O lento despertar para a alvorada
O que nunca cede, o que nunca fala
A constatação inóspita da inutilidade
A existência deixa seus rastros
A sobra da maquilagem esquecida
O leve inclinar do corpo ao passo
A resistência dos lábios disformes
Cada batida no coração destronado
O inefável declínio de pele e ossos
O canto da cotovia assustada
O irremovível papel de parede
As cinzas do cigarro inacabado
O repouso da mão sobre o colo
O perene vento a esparramar-se
O fogo que atiça a longa noite
A proeminência das horas
A sede, o fastio, a flor na lapela
A intromissão dos fatos proibidos
A memória, o retrato, a página
O lento despertar para a alvorada
O que nunca cede, o que nunca fala
A constatação inóspita da inutilidade
sexta-feira, 24 de dezembro de 2010
442 - pequeno diário de rasa profundidade
o dia sempre começa partido
canto à meia voz, café e pão
quando chove nas vidraças
mais se fixa o sabor do vazio
o quarto sufoca todo espaço
às vezes penso nas cortinas
e o efeito pairando suspensão
às vezes é mais escuro fundo
o dia sempre começa partindo
canto à meia voz, café e pão
quando chove nas vidraças
mais se fixa o sabor do vazio
o quarto sufoca todo espaço
às vezes penso nas cortinas
e o efeito pairando suspensão
às vezes é mais escuro fundo
o dia sempre começa partindo
quinta-feira, 23 de dezembro de 2010
441 - tocata l’après-midi
adormeço entre vulcões serenados
sou peça antiga de um cálido museu
onde cinzas se fecharam em solidez
não há mais portais a serem vencidos
flui lentamente o ontem que não se fez
sou peça antiga de um cálido museu
onde cinzas se fecharam em solidez
não há mais portais a serem vencidos
flui lentamente o ontem que não se fez
quarta-feira, 22 de dezembro de 2010
440 - poema de olhos e cabelos cansados
é estranha esta tarde que se avizinha
pois do que sei não garanto certezas
vago de bem e mal de mão em mão
o tempo urge na caligrafia das unhas
areia e pele riscam em porto e pouso
tudo faço e refaço para soar estranho
deleite para brisas e raros pássaros
já não comando as pernas e passos
em única mirada os cabelos cansados
pois do que sei não garanto certezas
vago de bem e mal de mão em mão
o tempo urge na caligrafia das unhas
areia e pele riscam em porto e pouso
tudo faço e refaço para soar estranho
deleite para brisas e raros pássaros
já não comando as pernas e passos
em única mirada os cabelos cansados
terça-feira, 21 de dezembro de 2010
439 - ensaio para experimento de imagens
resolvi dar destinação diferente aos poemas
agora os quero entre as guelras dos peixes
no sumo do suor e do mais instigante olfato
perdido no eterno de sílabas, notas e claves
resolvi dar destinação diferente aos poemas
nada de estrela, girassol, matiz e pôr-do-sol
agora os quero florindo na orelha de Van Gogh
segunda-feira, 20 de dezembro de 2010
domingo, 19 de dezembro de 2010
437 - Samba crioulo em moda de terreiro
Vibravam insones as vozes
no vão submerso
das águas que me pejam o peito
no vão submerso
das águas que me pejam o peito
sábado, 18 de dezembro de 2010
436 - Elegia de magnitude absoluta
De mim quando te invento sou outro
E neste descompasso do tempo ouso
Correr trilhas de florestas em céus
Arremessar-me em estrelas e troncos
Ser plenamente o raio que rasga o véu
E neste descompasso do tempo ouso
Correr trilhas de florestas em céus
Arremessar-me em estrelas e troncos
Ser plenamente o raio que rasga o véu
sexta-feira, 17 de dezembro de 2010
435 - ensaio para sombra e esgueiras
o teu soslaio ainda é punhal
nele mora a pedra escravizada
nele tudo é incomensurável
há pântanos, entes, medos atávicos
brilham labaredas entre as estrelas
o teu soslaio ainda é punhal
ubíquo desejo na flor da tarde
nele mora a pedra escravizada
nele tudo é incomensurável
há pântanos, entes, medos atávicos
brilham labaredas entre as estrelas
o teu soslaio ainda é punhal
ubíquo desejo na flor da tarde
quinta-feira, 16 de dezembro de 2010
434 - Balada de torpor e incessante desalinho
No bravio do vento bailam notas de entorpecer
Acariciam-me de bemóis nuas as tantas claves
para que os horizontes se rasguem em sinfonia
sobre o sumo impermeável que traz a tua maçã
Acariciam-me de bemóis nuas as tantas claves
para que os horizontes se rasguem em sinfonia
sobre o sumo impermeável que traz a tua maçã
quarta-feira, 15 de dezembro de 2010
433 - Balada para uns inventos de amor
No horizonte de tantos destinos
Colheram-me mãos em desalinho
Eu tão torto de sujos caminhos
Tu pérola invadindo o meu mar
Cantaram-me peixes em algazarra
Eu de rede inteiro neste anzol
Não sei se ainda sinto a fisgada
Mas delira a língua amordaçada
terça-feira, 14 de dezembro de 2010
432 - Poema para quando florirem córregos e cactos
Vou viver teu corpo como latifúndio inexplorado
E farei regalos no caminho e sebes nos teus pastos
Ali desvendarei os vendavais de todas as planícies
Ajuntarei as orlas que contornam a maciez da terra
Vou viver teu corpo com lamúria e cheiro de chuva
Germinar cada árvore e cada grão na rota do desejo
Até ouvir do céu infindo a sinfonia branca de nuvem
Até o galo cantar e os pássaros sorrirem em alvorada
E farei regalos no caminho e sebes nos teus pastos
Ali desvendarei os vendavais de todas as planícies
Ajuntarei as orlas que contornam a maciez da terra
Vou viver teu corpo com lamúria e cheiro de chuva
Germinar cada árvore e cada grão na rota do desejo
Até ouvir do céu infindo a sinfonia branca de nuvem
Até o galo cantar e os pássaros sorrirem em alvorada
segunda-feira, 13 de dezembro de 2010
431 - Partitura inacabada para ensaio de romance
Tenho fragmentos que me estilhaçam
Composições a corroer-me o fígado
Animal faminto que procura abrigo
Sempre que aqui entro não saio,
Deixo-me ficar feito pó na estante
Composições a corroer-me o fígado
Animal faminto que procura abrigo
Sempre que aqui entro não saio,
Deixo-me ficar feito pó na estante
domingo, 12 de dezembro de 2010
430 - poema de astrolábio e futuros astros
- mãe me faz uma lua
pedia insistente a menina
enquanto atônita, a mãe
tentava explicar-lhe sobre astros
e outros corpos celestes
alheia a menina via se erguer
dois sorrisos enluarados
bem no meio da noite de estrelas
pedia insistente a menina
enquanto atônita, a mãe
tentava explicar-lhe sobre astros
e outros corpos celestes
alheia a menina via se erguer
dois sorrisos enluarados
bem no meio da noite de estrelas
sábado, 11 de dezembro de 2010
429 - Canto Peregrino (o réquiem)
Ando com meus passos eternamente vazios
Sem sombras, manchas ou qualquer passado
Tenho os olhos voltados a aquela luz adiante
Queimarei os pés até o instante de alcançá-la
Pode ser a estrela imprecisa mas não importa
Ali deixarei as cinzas do que não existe mais
428 - Canto peregrino (o chamado)
Quando tu quiseres
Ainda há o espaço
Clamando presença
Quem sabe encontre
Indícios de tontos nós
Lassos em um lençol
A dormência da tarde
No vaivém da rede
Este pote e esta sede
427 - Canto peregrino (a odisséia)
Alguém entrou e fez de mim prisioneiro deste laço.
Daqui soletro o alfabeto e não encontro respostas.
A minha caligrafia se constrói em meio ao tempo
e em um teorema.
Pergunto-me sempre, perquiro a palavra nova.
Mas a saudade repete o tema.
Imóvel despedaço a tua imagem
e recordo o espaço em que as coisas aconteciam.
426 - Canto peregrino (a elegia)
Não importa este silêncio
que me traz a madrugada
Fito o horizonte sem remorsos
Guardo-me em esperas
Debruço-me no vazio da aurora
E não faço renascer das cinzas
A minha mágica é esta paz
Que guardas dissoluta sob a face
425 - Canto peregrino ( a epifania)
às vezes o ar rareia
entre o silêncio do mar
e a sinfonia na areia
Ando com meus passos eternamente vazios
Sem sombras, manchas ou qualquer passado
Tenho os olhos voltados a aquela luz adiante
Queimarei os pés até o instante de alcançá-la
Pode ser a estrela imprecisa mas não importa
Ali deixarei as cinzas do que não existe mais
428 - Canto peregrino (o chamado)
Quando tu quiseres
Ainda há o espaço
Clamando presença
Quem sabe encontre
Indícios de tontos nós
Lassos em um lençol
A dormência da tarde
No vaivém da rede
Este pote e esta sede
427 - Canto peregrino (a odisséia)
Alguém entrou e fez de mim prisioneiro deste laço.
Daqui soletro o alfabeto e não encontro respostas.
A minha caligrafia se constrói em meio ao tempo
e em um teorema.
Pergunto-me sempre, perquiro a palavra nova.
Mas a saudade repete o tema.
Imóvel despedaço a tua imagem
e recordo o espaço em que as coisas aconteciam.
426 - Canto peregrino (a elegia)
Não importa este silêncio
que me traz a madrugada
Fito o horizonte sem remorsos
Guardo-me em esperas
Debruço-me no vazio da aurora
E não faço renascer das cinzas
A minha mágica é esta paz
Que guardas dissoluta sob a face
425 - Canto peregrino ( a epifania)
às vezes o ar rareia
entre o silêncio do mar
e a sinfonia na areia
sexta-feira, 10 de dezembro de 2010
424 - a gloriosa e infausta balada de Mirna A.
Mirna A. tinha a pele cansada
Mas seu rosto de azul não,
Seus olhos verdejavam abril
Mirna A. cantarolava um soul
Arremessava saudades na areia
Seus pés fincavam outras eras
Mirna A. curtia poesia e cinema
Saía de Godard, Buñuel e Resnais
E ia para Piva, Cabral e Bandeira
Mirna A. sofria arrepios matinais
dizia: o inferno é quente no inverno
aliviava-se em chá e sutis oferendas
Mirna A. morreu em uma overdose
Sua garganta não mais engolia
Tanto rancor do nosso dia-a-dia
Mas seu rosto de azul não,
Seus olhos verdejavam abril
Mirna A. cantarolava um soul
Arremessava saudades na areia
Seus pés fincavam outras eras
Mirna A. curtia poesia e cinema
Saía de Godard, Buñuel e Resnais
E ia para Piva, Cabral e Bandeira
Mirna A. sofria arrepios matinais
dizia: o inferno é quente no inverno
aliviava-se em chá e sutis oferendas
Mirna A. morreu em uma overdose
Sua garganta não mais engolia
Tanto rancor do nosso dia-a-dia
quinta-feira, 9 de dezembro de 2010
423 - improviso de encanto para radiola de ficha
o meu amor sonhou que inventava um blues
mas era triste a canção que parecia um vento
encapetado de frio vindo lá das bandas do sul
o meu amor sonhou que inventava um blues
e ficava na viola de repente inventando moda
arrebitando o nariz prá sentir cheiro de chuva
eu que nunca acreditei na previsão do acauã
farreei cego na varanda de tantos imprevistos
o meu amor sonhou que serenava uma aflição
mas era triste a canção que parecia um vento
encapetado de frio vindo lá das bandas do sul
o meu amor sonhou que inventava um blues
e ficava na viola de repente inventando moda
arrebitando o nariz prá sentir cheiro de chuva
eu que nunca acreditei na previsão do acauã
farreei cego na varanda de tantos imprevistos
o meu amor sonhou que serenava uma aflição
quarta-feira, 8 de dezembro de 2010
422 - um quase epitáfio para areia e cavaquinho
desde sempre em minha casa
convivem a pena, papéis e livros
desde quando despertaram os olhos
para a magia dos caracteres impressos
e todo o resto do corpo sucumbia em fervor
assim vai-se cumprindo a incessante jornada
não que eu seja o timoneiro dessa nau insólita
perscruto vozes, anseio sombras, clamo destinos
tudo persigo antes que a desdita me chame o nome
e da órbita dos astros abram-se as vogas do silencio
terça-feira, 7 de dezembro de 2010
421 - Para quando teu olhar cair no horizonte II
Tu me entregaste um por do sol em chamas
Enquanto eu investigava vestígios e sombras
Nunca houve entre seres espera tão infinda
Pois o que se inflamava era invento do vento
E eu ardia afogado nas águas do teu ventre
Enquanto eu investigava vestígios e sombras
Nunca houve entre seres espera tão infinda
Pois o que se inflamava era invento do vento
E eu ardia afogado nas águas do teu ventre
segunda-feira, 6 de dezembro de 2010
420 - Para quando teu olhar cair no horizonte
Não sei o que me contas com teu gesto
Aparvalhado de mordiscar os jasmins
E fazer crescer fundas raízes no peito
Apenas capto teu transitório germinar
De mulher a inspirar jardim e paisagem
E tecer este labirinto em que me enredo
Aparvalhado de mordiscar os jasmins
E fazer crescer fundas raízes no peito
Apenas capto teu transitório germinar
De mulher a inspirar jardim e paisagem
E tecer este labirinto em que me enredo
domingo, 5 de dezembro de 2010
419 - poema sob o mais improvável entardecer
coisa difícil é esquecer o amor
mesmo esquecido o olho amado
mesmo a frieza nos calcanhares
coisa difícil é esquecer o amor
às vezes o vento insolente atiça
fagulhas na sobra da antiga pele
o mar se contrai em calma vaga
e uma corruíra canta desavisada
mesmo esquecido o olho amado
mesmo a frieza nos calcanhares
coisa difícil é esquecer o amor
às vezes o vento insolente atiça
fagulhas na sobra da antiga pele
o mar se contrai em calma vaga
e uma corruíra canta desavisada
sábado, 4 de dezembro de 2010
418 - cantata para bromélias e um arco-íris
escrever é exercício inútil
melhor esquecer na voz
que dita soprada enaltece
tu verás o quanto é inútil
o também amor ao verso
tantas coisas passadiças
escrever é exercício inútil
é fundir-se em repetições
e atormentar-se na palavra
tu verás o quanto é inútil
o também amor às silabas
a sina de carpir a retórica
melhor esquecer na voz
que dita soprada enaltece
tu verás o quanto é inútil
o também amor ao verso
tantas coisas passadiças
escrever é exercício inútil
é fundir-se em repetições
e atormentar-se na palavra
tu verás o quanto é inútil
o também amor às silabas
a sina de carpir a retórica
sexta-feira, 3 de dezembro de 2010
417 - Improviso para duas luas e um mistério
Outro dia escorreu-me um vento ávido de vida
Carregado de plena significação e clarividência
Um vento lúcido que parecia romper a tempora
E eu fiquei de sobressalto com tamanha angústia
Não maior que a angústia que carrego já outrora
Mas como horizonte ganhando contorno diferente
E minhas tolas reminiscencias de fuga e calvário
Se crucificassem nuas nesta seara de alheamento
Carregado de plena significação e clarividência
Um vento lúcido que parecia romper a tempora
E eu fiquei de sobressalto com tamanha angústia
Não maior que a angústia que carrego já outrora
Mas como horizonte ganhando contorno diferente
E minhas tolas reminiscencias de fuga e calvário
Se crucificassem nuas nesta seara de alheamento
quinta-feira, 2 de dezembro de 2010
416 - O rapto do raio do teu olhar
Havia a conversa de ocasião
Havia dois tragos insanos
Havia o arrebol de fumaça
Havia a babel de tonto lábio
Havia Rapunzel e a sua trança
Havia sons do bolero de Ravel
Havia ainda esta dor insistente
Havia a flor, a morada, o dente
Havia tanto e mais havia ausente
Havia dois tragos insanos
Havia o arrebol de fumaça
Havia a babel de tonto lábio
Havia Rapunzel e a sua trança
Havia sons do bolero de Ravel
Havia ainda esta dor insistente
Havia a flor, a morada, o dente
Havia tanto e mais havia ausente
quarta-feira, 1 de dezembro de 2010
415 - outro poema de inútil repetição
cansei de pedidos de perdão
todavia os quero, toda a vida
se me falhar luzes quero-os
vindo da tua voz como sopro
cansei de pedidos de perdão
já disse e repito, sim e repilo
mas afrouxa-me doces lábios
invocas o mármore das coxas
cansei de pedidos de perdão
e de ouvi-los por toda a vida
todavia toda a vida é estuário
onde jaz a paixão fossilizada
todavia os quero, toda a vida
se me falhar luzes quero-os
vindo da tua voz como sopro
cansei de pedidos de perdão
já disse e repito, sim e repilo
mas afrouxa-me doces lábios
invocas o mármore das coxas
cansei de pedidos de perdão
e de ouvi-los por toda a vida
todavia toda a vida é estuário
onde jaz a paixão fossilizada
Assinar:
Postagens (Atom)