sábado, 4 de dezembro de 2010

418 - cantata para bromélias e um arco-íris

escrever é exercício inútil
melhor esquecer na voz
que dita soprada enaltece

tu verás o quanto é inútil
o também amor ao verso
tantas coisas passadiças

escrever é exercício inútil
é fundir-se em repetições
e atormentar-se na palavra

tu verás o quanto é inútil
o também amor às silabas
a sina de carpir a retórica

25 comentários:

Tania regina Contreiras disse...

Só teus títulos já são belíssimos poemas, caro Assis... E quando leio você cada vez acredito que escrever é o máximo!
beijos

Marcantonio disse...

É verdade. Essa é a mais bela convicção que um poeta pode externar. Mas, inúteis são também as bromélias e o arco-íris, o teto da Sistina, o Discóbulo, a Nona Sinfonia... A arte é a maior inutilidade jamais inventada. Por isso mesmo indispensável. Como a leitura do seu poema.

Abração!

Everson Russo disse...

Talvez sim, talvez não, dependem onde chegam os versos,,,mesmo os perdidos podem ser levados pelo vento...abraços de bom sabado.

Sueli Maia (Mai) disse...

Como se inútil fosse o ar que não cabe nas mãos e que move moinhos... Como se inútil fosse também ver o halo dos vapores que em contraste com a luz, transparece a fina película do maior dos prismas - o arco-iris... Como é espinhoso viver e ainda que morramos a cada minuto e a cada verso, cá estamos para um novo dia e um novo verso...

É que o desejo de amor e vida, mantém a vida e o verso, enquanto escrevemos ambos.

beijos

AC disse...

O sentido de inutilidade anda sempre de braço dado connosco. Às vezes damos-lhe ouvidos, outras nem sequer o sentimos...

Abraço

Zélia Guardiano disse...

Ah, Assis, quanta verdade contida nos teus versos!
Quanta verdade!
E justo neste sábado, para mim tão sexta-feira, em que penso em Maria , em Marta e em Madalena...rs...
Hoje que estou meio assim...
Lindo demais, meu amigo, grande poeta!
Abraço apertado

Bípede Falante disse...

Eu me deleito com as coisas inúteis e muito :)
bjs

Ira Buscacio disse...

Que necessidade a nossa de viver inutilidades. Eu, as coleciono!

Bjão e belo fds, de paz

Fred Caju disse...

Assis, vou deixar que Alberto da Cunha Melo fale por mim:

CASA VAZIA

Poema nenhum, nunca mais,
será um acontecimento:
escrevemos cada vez mais
para um mundo cada vez menos,

para esse público dos ermos
compostos apenas de nós mesmos,

uns joões batistas a pregar
para as dobras de suas túnicas
seu deserto particular,

ou cães latindo, noite e dia,
dentro de uma casa vazia.



(Alberto da Cunha Melo)

Unknown disse...

ASSIS!

Pode até ser, mas continuarei esperando seu "carpir", com bromélias, cantatas e sopros.

Beijos, poeta MIL!

Mirze

Anônimo disse...

Também necessitamos do inútil,
Faz parte ...


Bjo.

dade amorim disse...

Toda arte é inútil, e por isso mesmo indispensável. Àparte isso, o que seria de nós sem ela? "Não sou ninguém/nunca serei ninguém./ Aparte isso,/ tenho em mim todos os sonhos do mundo."

Beijo

Gustavo disse...

Como é bom encontrar esta inutilidade enaltecedora que nos propõe, Assis. Sempre me acrescentas algo!

Abraços!

Lau Milesi disse...

Poeta Assis, você pode até ter suas razões, mas essa teoria não se aplica a você. Sua poesia fala, tem "som", ecoa, é linda, colorida...um sopro. Tenho dito.:)
Ah...e mais: é didática. Já fui ao Aurélio algumas vezes. :)

Um beijo e bom domingo.

líria porto disse...

tudo é inútil, mesmo que achemos o contrário - e tudo escapa por entre os dedos...
besos

Ingrid disse...

e assim em teu "exercício inútil" leio e releio tuas belas bromélias em flor..
Beijo.

Júlio Castellain disse...

...
Amigo Assis,
Saiba da minha alegria e satisfação em saber que tenho mais 583 poemas, maravilhosas letrinhas para ler e aprender.
Meu abraço.
...

Daniela Delias disse...

É verdade, meu amigo, é verdade...
Bjinho

lula eurico disse...

Pois é, as bromélias e o arco-íris,
Pois é a poesia...
Pois é, a beleza...
Pois é, a arte...
Pois é, a vida, amigo Assis.

Deixo-te um abraço e agradeço o insólito elogio lá no Eu-lírico:
"de torar".
Bem nosso, bem nordestino, né.
Grato, amigo.

Abraço sincero e cordial.

Anônimo disse...

Sempre me vi repleta de pensamentos inúteis, e a colher inutilidades nas flores e poças do caminho.

Beijo, Assis!

nina rizzi disse...

é isso aí, camarada, uma feira de retporicas pra gente cagar em cima, com o perdão da palavra...

Jorge Pimenta disse...

amigo assis,
nada há de mais poético que a negação da poesia... com poesia :)
um abraço sem retórica!
p.s. a verdadeira poesia é aquela que veste as palavras para poder entrar no coração dos homens; só depois pode morrer.

.maria. disse...

eu sofro de inutilidade crônica..rs
bjos, poeta!

Lou Vilela disse...

este pensamento também me assola... ;)

Cris de Souza disse...

adoro uma insignificância...

poemasso!