domingo, 1 de maio de 2011

570 - pequena écloga para jogral de Rimbaud

as cores pariam intumescências
nos olhos crispados do entardecer
o menino ventava uma correria
na memória de uma infância antiga
os pássaros já se empoleiravam
esperando a sinfonia que desabava
junto com a noite de seus espíritos

o que jazia no caminho era a ponte
atravessada de reminiscências
a insolência de mãos e desatinos
um fulgor que íntimo se imantava
o cortejo de mulheres em benção
e os sábios desejos que floresciam
salpicando de terra todo o orvalho

15 comentários:

Jorge Pimenta disse...

há viagens que permanecem incompletas, por tantos pés se julgar calçar e tão poucos se poder usar. e o mundo torna-se inteiro nas ruas da cabeça em espiral nervosa pelos becos do corpo. até a terra cheira a terra e o orvalho queima.
abraço, poeta!

Loba disse...

somos sempre salvos por desejos que florescem; não importa se salpicando-nos de terra ou orvalhando-nos com desatinos.
beijo

lula eurico disse...

Entardece no poema-ponte, atravessado de reminiscências. Nos versos, o frescor do orvalho. A cena é íntima, mas o cenário é pastoril.

Cruzo contigo esta ponte, Poeta e levo comigo esse imantado fulgor...

Abç fraterno.
Bom domingo.

Quintal de Om disse...

fiquei naquele banco de praça espiando o menino passar,
e foi como ventania mesmo e milhõescavalos de força que despenteou meus cabelos e desnorteou o arco da minha íris pros ontem que ficaram lá trás,
naquela infância que sei, no mesmo banco aguardo ela me acompanhar.

Meu carinho, Assis.
Um bonito domingo
samara Bassi

Everson Russo disse...

O que nos fortalece e salva,,,são os desejos da alma,,da poesia...abraços de boa semana.

Anônimo disse...

Quando sua lira canta assim, orvalhada fico eu.

Beijo.

Ingrid disse...

Assis,
chegada a noite e me deixo levar por teus versos..
beijo.

Vais disse...

Que lindo, Assis!
cores parindo menino ventando a ponte insolência de mãos cortejo de mulheres sábios desejos a terra e o orvalho

me veio uma canção A ponte de autoria do Lenine e Lula Queiroga
duas estrofes:

"A ponte não é de concreto, não é de ferro
Não é de cimento
A ponte é até onde vai o meu pensamento
A ponte não é para ir nem pra voltar
A ponte é somente pra atravessar
Caminhar sobre as águas desse momento

A ponte nem tem que sair do lugar
A ponte pra onde quiser
A ponte é o abraço do braço do mar
Com a mão da maré
A ponte não é para ir nem pra voltar
A ponte é somente pra atravessar
Caminhar sobre as águas desse momento"

beijo e boa semana

Eder disse...

Orvalhei!

Abraço, Assis!

Lê Fernands disse...

veio muito claro em minha cabeça agora:

- "mãe, por que os pássaros escondem suas cabeças e não cantam mais quando a noite chega?"

- "todos nós temos que dormir, minha filha. eles também."


assim ela sanou minha curiosidade e me deu de presente a descoberta por conta própria.


=)

bjsmeus

Unknown disse...

Assis,

Florescer do desejo, nostalgia, eternidades em forma de versos!

Belíssimo!

Beijos com saudades.

Luiza Maciel Nogueira disse...

que talento Assis, quantos versos íntimos não descansam sem sinfonia - os teus dançam

bjs

Unknown disse...

1001 poemas todinhos seus? Que inveja (boa, claro!). E que a inspiração nunca lhe falte!

dade amorim disse...

Lira inspirada e rimbaudiana.
Beijos.

Unknown disse...

ASSIS!

Esse foi além!

Beijos, poeta Mil!

Mirze