perdi-me em ausências
em prólogos intermináveis
sob a prateleira jaz um coração
desde o dia em que me vi acorrentado
tentando carpir a intempérie do amor
o mesmo amor que outrora foi alvíssara
mas quem há de ser sombra se fora já luz
quem há de habitar hades atabalhoado
na loucura de pares em esquiva caminhada
perdi-me em ausências
nessa desordem cotidiana do ser e coisa
sob a prateleira jaz um coração
o mesmo que um dia fiz de oferenda
o mesmo tumulto, a mesma refrega
o amor fez seu travo, deixou sua cica
perdi-me em ausências
sob a prateleira jaz um coração
quem há de cavalgar mais um dia
quem há de ver o lume no fio da lâmina
quem há de quebrar o encanto frio da adaga
7 comentários:
...sob a prateleira jaz um coração...
Imagem maravilhosa, Assis, daquilo que ali caiu e ficou esquecido: ninguém deu pela falta dele...
Sempre espetaculares os seus poemas!
Abraço, meu amigo.
Ausências da vida, vazios que nos impulsionam ao nada que nos espera...abraços de bom dia pra ti amigo.
O lume do fio da lâmina.... é de cortar o coração.
Tão triste!!!!!
Beijo, poeta!
Mirze
Quem há de cantar o amor (ou o fim deste) com esse floretear tão agudo?
(Quase que digo, no espanto, um sono "taquepariu". Quase...rsrsrs)
Abraçamigo e fraterno.
[...]
quando vê a serpente, faúlhas inflamadas lhe queimam as faces; não pode guardar os sonhos mais doces e saborosos quanto a graviola - tão boa de se lambuzar. recosta-se langue pelas árvores; seus olhos negros e fúlgidos, ternos olhos, buscam a serpente e lhe entram n’alma. a serpente sorri; o saí palpita. se debruça, vai declinando pelo chão, lascívo. ele busca a boca da serpente que o espera para celebrar a saciedade.
o saí, é um fascinado pela serpente.
E entre prólogos, ausências e prateleiras, o encanto da adaga, que é fria.
Beijo beijo.
as ausências de loucuras que ferem a alma..
belíssimo querido..
beijos
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