terça-feira, 20 de setembro de 2011

712 - antipoema para sertão, fuga e arrebol

é do visgo saliente das manhãs
que se tece o quebradiço do olhar
venta calmaria no aroma da romã
como o corpo se achasse em sumo
e provocasse inundação nos lábios

vegetam na campina ervas daninhas
são delas o travo dos passos na vereda
enquanto em folguedo os bem-te-vis
pastoreiam o desjejum dos rebanhos

o mundo acontece em um pestanejar
eu me descortino escorado na janela
com a roupa do passado desabotoada
não me lembro se antes havia horizonte
mas deixo-me perder só e ensimesmado

8 comentários:

Tania regina Contreiras disse...

Queridíssimo, estava lendo os últimos poemas, em atraso, que ando atrapalhada com o tempo... Coisas mais belas, menino de deus!
E esse então...

"...como o corpo se achasse em sumo
e provocasse inundação nos lábios..."
Assis, leio-te agora em arrebatamento: lindooooooo!!!
Beijos,

Ingrid disse...

"com a roupa do passado desabotoada"..
amei!
beijos querido..

Unknown disse...

Do visgo saliente das manhãs se tece até outro horizonte ou as roupas novas do rei!

LINDÃO!

Beijo

Mirze

Everson Russo disse...

Paisagens ressequidas dos sentimentos...abraços de bom dia pra ti meu amigo.

Domingos Barroso disse...

a alma debruça-se
...

forte abraço,
irmão.

Lua Nova disse...

Assis!!!!!Como vc consegue?? Isso é coisa de talento, de alma ou os dois juntos? Sei lá, mas é coisa de Assis e só tua.

"é do visgo saliente das manhãs
que se tece o quebradiço do olhar"

Uma delícia isso!
Muitas beijokas entusiasmadas...rsrsrsr... com todo respeito.

dade amorim disse...

O mundo acontece mesmo em um pestanejar, e quando vai se ver já é passado. Lindo, mais um.
Beijo.

Nilson disse...

Um pestanejar: é incrível! Abração, Assis. (Sempre admirado com a fluidez e a inventividade dessa sua poesia!).