aluvião
carne seca
ribeirão
e ribeirinho
das terras do
não sei onde
no sangue
remexem
os espinhos
terça-feira, 31 de agosto de 2010
segunda-feira, 30 de agosto de 2010
322 - poeminha em de-composição
sem qualquer restrição
pedra é pedra, sal é sal
nada se agarra à garra
salvo a maresia deste olhar
que me corta de foice
a noite, o amanhã, a eternidade
pedra é pedra, sal é sal
nada se agarra à garra
salvo a maresia deste olhar
que me corta de foice
a noite, o amanhã, a eternidade
domingo, 29 de agosto de 2010
321 - Rhapsodie en bleu
Céu sereno de sapoti
Luas espargem na nua paisagem
Passos vincam latitudes incoerentes
Rumo ao precipício
Tudo agora é norte e sem destino
sábado, 28 de agosto de 2010
320 - Suíte sertaneja para o visgo de paixão do menestrel enluarado pela princesa do alvorecer
Uma noite sonhaste a rua
Como quem anuncia o vento
E anseia a liberdade
E eu tangendo quimeras
escondia sob o peito
Este coração enluarado
Na solidão das paisagens
Cruzamos o destino retirante
E de encontros e assombros
ficamos rijos nos olhares
nesta janela de par em par
inesperadamente esperados
Como quem anuncia o vento
E anseia a liberdade
E eu tangendo quimeras
escondia sob o peito
Este coração enluarado
Na solidão das paisagens
Cruzamos o destino retirante
E de encontros e assombros
ficamos rijos nos olhares
nesta janela de par em par
inesperadamente esperados
sexta-feira, 27 de agosto de 2010
319 - fantasia para menestrel que perdeu os olhos pelo amor da donzela de fulva cabeleira
para te sonhar relâmpagos
recito madrigais
deito sobre tertúlias
recordo a noite
de corcéis ancestrais
improviso o desalinho
na frágil tez dos cristais
ali, onde bailam cataventos
e o último sol ressurge nas águas
quinta-feira, 26 de agosto de 2010
318 - rapsódia breve em um dia de abril
de tão natural que fui
esqueci-me dos rostos à ventania
já não tinha olhos naquela época
a não ser para a solidão de te olhar
quarta-feira, 25 de agosto de 2010
317 - soneto torto para quando me vires chegar
talvez seja sábado ou domingo
e do resto do dia reste apenas burburinho
talvez estejas alinhavando as pálpebras
para quando eu chegar desavisado
talvez no outdoor contenha a resposta
depois de tanta ausência e tormenta
e se eu não trouxer nada nas mãos
não afugentes os pássaros que se acercam
são eles o cicio das tortas incoerências
o visgo da voz que trago no pranto
são eles as veredas que se encontram
a revoada do impossível cataclismo
feito tu e eu emplumados
contra o movediço branco da página
*
A amiga Leonor me presenteou com a publicação de um poema, confiram em
http://leonorcordeiro.blogspot.com/
e do resto do dia reste apenas burburinho
talvez estejas alinhavando as pálpebras
para quando eu chegar desavisado
talvez no outdoor contenha a resposta
depois de tanta ausência e tormenta
e se eu não trouxer nada nas mãos
não afugentes os pássaros que se acercam
são eles o cicio das tortas incoerências
o visgo da voz que trago no pranto
são eles as veredas que se encontram
a revoada do impossível cataclismo
feito tu e eu emplumados
contra o movediço branco da página
*
A amiga Leonor me presenteou com a publicação de um poema, confiram em
http://leonorcordeiro.blogspot.com/
terça-feira, 24 de agosto de 2010
316 - Poema em resposta as intempéries do vento
Na terceira ordem do dia tu me disseste:
Vai, Assis, cumprir teus poemas em letargia
Eu pus palavras na algibeira e forjei um alforje
Carregado de metalinguagem,
De girassóis e silêncio
De muitas repetições necessárias
Para que o verso sempre soe diferente
Vai, Assis, cumprir teus poemas em letargia
Eu pus palavras na algibeira e forjei um alforje
Carregado de metalinguagem,
De girassóis e silêncio
De muitas repetições necessárias
Para que o verso sempre soe diferente
segunda-feira, 23 de agosto de 2010
domingo, 22 de agosto de 2010
sábado, 21 de agosto de 2010
313 - Improviso para adagas noturnas
Abranda-me de minhas penas
Sê-de nuvem para esse silêncio
Entrega-me o gentil da tua voz
Fecunda-me de lágrimas o peito
Torna-me ribeirinho da tua foz
E quando dos meus desejos, tu
Não quiseres saciar ou dirimir
Cobre-me de funda melancolia
Deixa-me fenecer em reticência
Invoca a tempestade do sem fim
Sê-de nuvem para esse silêncio
Entrega-me o gentil da tua voz
Fecunda-me de lágrimas o peito
Torna-me ribeirinho da tua foz
E quando dos meus desejos, tu
Não quiseres saciar ou dirimir
Cobre-me de funda melancolia
Deixa-me fenecer em reticência
Invoca a tempestade do sem fim
sexta-feira, 20 de agosto de 2010
312 - Acalanto para nuvem e silêncio
Gosto de te pensar flores quando vejo o mar
Fico pensando no murmúrio de tantas águas
Gosto de te pensar cores, folguedos e alegria
E penso em quantos carinhos te doas pétalas
Gosto de te pensar desassossegada, ar febril
De quem se expande em ondas para o florir
Gosto de te pensar apenas minha possessão
Fruto que mordo e masco em lenta sinfonia
quinta-feira, 19 de agosto de 2010
311 - Balada de tantos nadas incontidos
p/ Mai
Ouço-te de improviso e inspiração
Como fagulha que se insinua
Em meio ao caos da página nua
Em todo sublime recato da palavra
Salta-lhe a força de magia
Verbo encantado de profecia
Luz que baila e incide nos incisos
Com repentino florir de metáforas
Destino de sede que afaga os lábios
Abaixo reproduzo em feitio de poema, a canção de Mai que inspirou a Balada:
Ouço-te de improviso e inspiração
Como fagulha que se insinua
Em meio ao caos da página nua
Em todo sublime recato da palavra
Salta-lhe a força de magia
Verbo encantado de profecia
Luz que baila e incide nos incisos
Com repentino florir de metáforas
Destino de sede que afaga os lábios
Abaixo reproduzo em feitio de poema, a canção de Mai que inspirou a Balada:
Incontido
O mar da minha terra é como eu.
O mar da minha terra é como eu.
Primeiro se arrebenta nos corais e arrecifes,
e espraiando no alto,
espraia e se expande, marcando lugar.
E domado ele rola, miúdo e mansinho,
na beira, na areia, olhando pro sol.
O ar da minha terra está em mim.
Porque ele inspira, insípido, invisível,
as mais fortes paixões.
Depois ele exala o tempero
e cheiro das índias e suas especiarias.
Os rios da minha terra correm em minhas veias,
e lembram Veneza que deita seus veios,
sem rumo e sem foz.
O chão da minha terra é meu plexo,
meu nexo, oriente e nordeste,
porque é nele que nascem mangabas,
goiabas,sapotis e cajás, que no pé,
eu trepo faminta e no alto eu pego,
o fruto maduro que eu quiser chupar.
O mar da minha terra é como eu, nada contém.
quarta-feira, 18 de agosto de 2010
310 - Modinha para prosa em beira de rio
p/Roberto Lima
Palavras deambulam na varanda da infância
Embalando na rede tantos anzóis e pescaria
Sendo sereno que goteja imagens no infinito
E pondo incêndio na retina de tantas páginas
Nesse sem tempo vão se sobrepondo colheitas
Colorindo de primas e donas meses de outono
Invadindo espaços e nas estâncias escondidas
Do sempiterno verão, flamejam nuvens de azul
Aqui e ali caem do céu saudades em desalinho
Que vão sendo bordadas com as tais minúcias
De mãos que sabem domar rebelde torvelinho
E dar posse de reino no território das astúcias
terça-feira, 17 de agosto de 2010
309 - solilóquio de tanto cansaço
Quis dar destino a esta vaga ancestral
Que me impulsiona olhos em vertigens
Que perambula moura vento e escárnio
Quis dar forma ao arredio que me invade
Que me põe entre os gestos e os atos
Que converge em temporal e cadafalso
Que me impulsiona olhos em vertigens
Que perambula moura vento e escárnio
Quis dar forma ao arredio que me invade
Que me põe entre os gestos e os atos
Que converge em temporal e cadafalso
segunda-feira, 16 de agosto de 2010
308 - Balada de tanta sede e iminência
Um dia breve vou contornar as tuas espáduas
Num caminho de sede sem retorno
Farei repouso de cântico apenas para te ornar
De encantos soprados por futuros pássaros
Num caminho de sede sem retorno
Farei repouso de cântico apenas para te ornar
De encantos soprados por futuros pássaros
domingo, 15 de agosto de 2010
307 - Improviso para punhal e nostalgia II
para que continuemos estranhos
não vamos nos permitir a saudade
entremos por aquela porta que se ergue
como uma escada para as montanhas
e assim, sós, possamos divisar
o horizonte que não habitamos
e todos os distantes rios que ainda
deveremos naufragar as nossas ânsias
não vamos nos permitir a saudade
entremos por aquela porta que se ergue
como uma escada para as montanhas
e assim, sós, possamos divisar
o horizonte que não habitamos
e todos os distantes rios que ainda
deveremos naufragar as nossas ânsias
sábado, 14 de agosto de 2010
sexta-feira, 13 de agosto de 2010
305 - Poema de cercania e longitude
p/Nydia Bonetti
Neste meu esquadro de incertezas
Cada palavra antecede o verbo
Como se a manhã necessitasse
Pássaros para se fazer alvorada
Assim como o carinho e os gestos
Precedessem o anúncio da chegada
Para que cada ser orvalhado
Fosse batizado de silêncio e saudade
E a cada pessoa coubesse o eterno
Em cada caminho houvesse o farol
E se nada florescesse do estranho labor
Ficasse ao menos sabor de vida nas mãos
quinta-feira, 12 de agosto de 2010
304 - Balada de estranho negrume
Se no naufrágio dessa sede
Nada cede, intercede e ora
Põe língua e sal, e com azedume
Recria a manhã de tão vasto amanhã
quarta-feira, 11 de agosto de 2010
303 - Improviso para punhal e nostalgia
Não há entrega
Convivo só com esses enigmas
Há muito sou erva daninha
Do meu próprio pasto
terça-feira, 10 de agosto de 2010
302 - Rapsódia para tramas de agosto
Como deixar para o depois
se o agora é tão presente
e flui feito rio encantado
se esse agora me conduz
sem recato
para onde bailam as violetas
se os pirilampos desavisados
emitem sinfonia
e tudo jaz à espera do sim
se o agora é tão presente
e flui feito rio encantado
se esse agora me conduz
sem recato
para onde bailam as violetas
se os pirilampos desavisados
emitem sinfonia
e tudo jaz à espera do sim
segunda-feira, 9 de agosto de 2010
301 - A la Leminski
A poesia de hoje em dia
É rica de risco e avaria
Mas isso não é afirmação
Só uma aliteração
domingo, 8 de agosto de 2010
300 - Poema de intermitências sertanejas
o miúdo do mato cresce nas algibeiras,
vou desler mais coisas
e depositar minhas insônias
até onde sei o nunca mais
não gira no sentido horário
assim mesmo
vou esperar o canto da jia
ensimesmado de brisa e luar
POEMA PARA A POSTAGEM 300
EU SOU TREZENTOS
Mário de Andrade
Eu sou trezentos, sou trezentos-e-cincoenta,
As sensações renascem de si mesmas sem repouso,
Ôh espelhos, ôh Pireneus! Ôh caiçaras!
Si um deus morrer, irei no Piauí buscar outro!
Abraço no meu leito as milhores palavras,
E os suspiros que dou são violinos alheios;
Eu piso a terra como quem descobre a furto
Nas esquinas, nos táxis, nas camarinhas seus próprios beijos!
Eu sou trezentos, sou trezentos-e-cincoenta,
Mas um dia afinal eu toparei comigo…
Tenhamos paciência, andorinhas curtas,
Só o esquecimento é que condensa,
E então minha alma servirá de abrigo.
vou desler mais coisas
e depositar minhas insônias
até onde sei o nunca mais
não gira no sentido horário
assim mesmo
vou esperar o canto da jia
ensimesmado de brisa e luar
POEMA PARA A POSTAGEM 300
EU SOU TREZENTOS
Mário de Andrade
Eu sou trezentos, sou trezentos-e-cincoenta,
As sensações renascem de si mesmas sem repouso,
Ôh espelhos, ôh Pireneus! Ôh caiçaras!
Si um deus morrer, irei no Piauí buscar outro!
Abraço no meu leito as milhores palavras,
E os suspiros que dou são violinos alheios;
Eu piso a terra como quem descobre a furto
Nas esquinas, nos táxis, nas camarinhas seus próprios beijos!
Eu sou trezentos, sou trezentos-e-cincoenta,
Mas um dia afinal eu toparei comigo…
Tenhamos paciência, andorinhas curtas,
Só o esquecimento é que condensa,
E então minha alma servirá de abrigo.
sábado, 7 de agosto de 2010
299 - das águas e abismos (uma ode)
tantas sedes me recortam
e só me fazem arrepio
e não ranhuras: pele ou casco
sou o desvio (a)diante do mar
última curva e próximo abismo
braço que aninha o sal das pedras
boca seca, sargaço, maré vazante
pena branda para um verso final
e só me fazem arrepio
e não ranhuras: pele ou casco
sou o desvio (a)diante do mar
última curva e próximo abismo
braço que aninha o sal das pedras
boca seca, sargaço, maré vazante
pena branda para um verso final
sexta-feira, 6 de agosto de 2010
298 - Poema das heranças admitidas
Quando cheguei ao mundo desatinado
Deus me deu de presente uma palmada
Depois fiquei tonto com tamanho alarido
Mas percebi que havia no canto do quarto
O silêncio de meu pai como cura e salvação
quinta-feira, 5 de agosto de 2010
quarta-feira, 4 de agosto de 2010
296 - Fantasia para tons em sépia e violeta
p/ Tania Regina Contreiras
Tenho tentado seguir a rota dos rouxinóis
Acalentar as violetas e os presépios roxos
Transformar esta areia em precioso castelo
Mas sempre sopra o vento da inconstância
E desses mistérios rotos de todos os dias
Cumpre-se dar a forma de gesto em desafio
Por em retalho a fantasia que se incendeia
Transmudar a pele que recobre o imaginário
Ouvir em cantilena e suspiro o rugido do raio
Tenho tentado seguir a rota dos rouxinóis
Acalentar as violetas e os presépios roxos
Transformar esta areia em precioso castelo
Mas sempre sopra o vento da inconstância
E desses mistérios rotos de todos os dias
Cumpre-se dar a forma de gesto em desafio
Por em retalho a fantasia que se incendeia
Transmudar a pele que recobre o imaginário
Ouvir em cantilena e suspiro o rugido do raio
terça-feira, 3 de agosto de 2010
295 - Epitáfio em forma de testamento
nos últimos tempos a vida morre mais depressa,
a sombra da melancolia não cessa
e paira em cada gesto uma despedida anunciada
o sol excomunga seus reflexos no vazio
quando o atalho dos dias faz intempérie na alma
a intermitente febre anuncia a estrada de espinhos
deixo que as carícias do vento soprem as faíscas
e espero a bifurcação do horizonte no coração partido
a sombra da melancolia não cessa
e paira em cada gesto uma despedida anunciada
o sol excomunga seus reflexos no vazio
quando o atalho dos dias faz intempérie na alma
a intermitente febre anuncia a estrada de espinhos
deixo que as carícias do vento soprem as faíscas
e espero a bifurcação do horizonte no coração partido
segunda-feira, 2 de agosto de 2010
294 - A augusta tradição II
Meu poema João Cabral melodiando,
nos Barros, na terra suja dos sem nomes,
alvíssima Bandeira, ser dos montes Drummond
arder Andrades, na Cruz de todos que sejam,
participo eco de Ferreira, som do sopro de um assovio,
daquela Adélia, fresta de lábios contra a luz,
fio de Cecília a esculpir, na vinda Hilda vida enfim.
domingo, 1 de agosto de 2010
293 - Improviso para dor e via láctea
Durmo, sonho enquanto se acendem luzes no sono
Também há mãos que tateiam restos de silêncios
O que houve do outrora transmuda-se em sinfonia
Nas retinas da melancolia que empalidece os muros
Tenho hábitos de navegar na noite os teus cristais
Como cavalgar estrelas e outras montarias celestes
Mas de vez em quando me toma de medo a fantasia e
Recolho-me frio as pálpebras que sobejam mansidão
Também há mãos que tateiam restos de silêncios
O que houve do outrora transmuda-se em sinfonia
Nas retinas da melancolia que empalidece os muros
Tenho hábitos de navegar na noite os teus cristais
Como cavalgar estrelas e outras montarias celestes
Mas de vez em quando me toma de medo a fantasia e
Recolho-me frio as pálpebras que sobejam mansidão
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