quinta-feira, 19 de agosto de 2010

311 - Balada de tantos nadas incontidos

p/ Mai

Ouço-te de improviso e inspiração
Como fagulha que se insinua
Em meio ao caos da página nua

Em todo sublime recato da palavra
Salta-lhe a força de magia
Verbo encantado de profecia

Luz que baila e incide nos incisos
Com repentino florir de metáforas
Destino de sede que afaga os lábios

Abaixo reproduzo em feitio de poema, a canção de Mai que inspirou a Balada:


Incontido

O mar da minha terra é como eu.
Primeiro se arrebenta nos corais e arrecifes,
e espraiando no alto,
espraia e se expande, marcando lugar.
E domado ele rola, miúdo e mansinho,
na beira, na areia, olhando pro sol.
O ar da minha terra está em mim.
Porque ele inspira, insípido, invisível,
as mais fortes paixões.
Depois ele exala o tempero
e cheiro das índias e suas especiarias.
Os rios da minha terra correm em minhas veias,
e lembram Veneza que deita seus veios,
sem rumo e sem foz.
O chão da minha terra é meu plexo,
meu nexo, oriente e nordeste,
porque é nele que nascem mangabas,
goiabas,sapotis e cajás, que no pé,
eu trepo faminta e no alto eu pego,
o fruto maduro que eu quiser chupar.
O mar da minha terra é como eu, nada contém.

19 comentários:

Everson Russo disse...

Nada contem sentimentos que nascem no fundo da alma,,,abraços amigo e um belo dia.

Lou Vilela disse...

Belíssimos! Ainda não havia lido o poema da Mai, que tão bem retrata esta terra que tanto amo.

Parabéns aos dois! Gostei muiiito!

Beijos

Jorge Pimenta disse...

assis, a mai é figura singular neste universo ciberpoético. cada comentário seu é mais que uma resposta; é a ponta do texto que estava a faltar. espreita do alto com um olhar que reflecte a sensatez e a sensibilidade dos ímpares e não a regateia nas viagens que sobre nós faz. uma referência, caro assis.
um abraço para ambos!

CANTO GERAL DO BRASIL (e outros cantos) disse...

Assis e Mai,
Improviso e inspiração, eis o nada todo incontido que forma a poesia a meu intuir e sentir...
Tudos a ambos, como diria Nina Rizzi...

Abraço mais que assistindo tudos,
Pedro Ramúcio.

Tania regina Contreiras disse...

Em meio ao caos da página nua, teu poema, Assis, especialmente belo, com uma delicadeza que me toca profunda nessa manhã. O texto que o inspirou, nossa, maravilhoso: parabéns a ambos. Eque bom que vocês existem e insistem na Poesia. Eu agradeço...
Beijos

Zélia Guardiano disse...

Meu Deus do céu!
Esta aliança é de uma força incrível!
Assis e Mai, quem é que pode com eles, em separado? Quando se juntam, então, sai da frente...
Belíssimo, amigo Assis!
Belíssimo!
Parabéns aos dois grandes poetas...
Abraços

Sueli Maia (Mai) disse...

As vezes as palavras fogem e nestas horas não há o que dizer. É só sentir. Eu estou aqui. Li, senti você e o seu coração e transbordei.
Guardarei para sempre.
Abraço imenso, amigo poeta.

Luiza Maciel Nogueira disse...

Poesia que dança no coração, amizade é o que vale! E viva a música!! Lindo!

Bjs

Vanessa Souza disse...

O fruto maduro é uma ilusão :)

Cris de Souza disse...

É o que há!

Incontidos são meus suspiros nesse retiro...

Beijos na dupla dadivosa.

Anônimo disse...

E a inspiração perpetua. Ambos com sensibilidade e poética doces. Um afago aos leitores!

Parabéns a ambos!

Abraços!

lula eurico disse...

Duas pérolas raríssimas!

Parabéns!

E uma abraço fraterno.

Unknown disse...

Meus olhos ainda não tinham visto um diálogo poético tão sublime.

Mai, minha super amiga, é poderosa em tudo.

Ela é realmente
"a luz que baila e incide nos incisos
com repentino florir de metáforas"

DEMAIS, Assis!

Poeta, você é mesmo GRANDE!

Beijos

Mirze

Eder disse...

Saio agora mais cheio de nada.

Lindo Assis! Lindo Mai!

Andrea de Godoy Neto disse...

Incontida a inspiração quando um poeta escreve para outro...o que nos resta é o deleite ao ler

beijo

Marcantonio disse...

Muito bom, Assis. Na verdade, esse texto da Mai me tocou tão fundamente, que pouco depois de comentá-lo, escrevi aquele poema "Quero ir para longe".

Grande abraço!

Gerana Damulakis disse...

Um momento inesquecível no Mil e um poemas. Ambos, Assis e Mai, encantam com seus talentos, seus estilos; enfim, com toda essa maestria que apresentam.

Anônimo disse...

A Mai é todo um "florir de metáforas", vc falou tão bem sobre ela, lindíssimos versos!

Beijos.

IsaBelMontes disse...

MAR QUE ME QUER ME MAREAR

Mar, meu mar, meu marinheiro
Marinheiro de proezas infindáveis
Mar que me lava os olhos salgados
Mar que me enxuga a dor do odor
Que já não sinto no meu sítio
Porque já deixei o lugar
.
Está vago? Está preenchido?
.
Mar, meu mar, meu navio
De embalar de menino
Aventureiro e seguro
Do mar que me leva
Que me leva ao rio
Rio do riso
Não choro
Não

Isabel Montez
http://isabelmontes-poemas.blogspot.com/