sábado, 24 de setembro de 2011

716 - canto de ofício para vazante de lua

plantei aridez, vertigem
neste mar
onde desassossego
e velas me entorpecem
em busca de direção

o meu mar que medra
entre os dedos da mão
que ensandece

tempo crespo entre unhas
no apego, no apelo
na fina lamina d’água

árida como areia e vento
de tão profundo pesar
que acontece nos olhos

lágrima seca, extravio
o que não cabe, o sombrio
mas afoga a vida movediça

15 comentários:

Vais disse...

bonito e triste, (talvez um quase ou total) angustiado e desesperante que dá aquele aperto danado

beijos

Tania regina Contreiras disse...

minha oração do dia é, muitas vezes, teus versos! :-)
Beijos,

AC disse...

Lavrar o desassossego...

Abraço

Everson Russo disse...

O amor que segue louco feito solidão de lua, como nau a deriva...abraços.

Zélia Guardiano disse...

A lágrima afoga a vida movediça...
Coisa mais linda, Assis!
Sempre...
( Não invente de parar no 1001, por favor!!! Já estou com medo...)
Abraço

Unknown disse...

Assis!

O que plantas no mar, terás de volta pelos recuos das ondas e da movediça areia que também é vida!

Beijo

Mirze

Teté M. Jorge disse...

Desassossegados esses versos... ima vertigem...
Beijo carinhoso, poeta.

lula eurico disse...

E de ofício trazes o brilho de lua sobre um mar imaginário, que não verbalizas.

E eu te abraço, Poeta.

Rejane Martins disse...

Na perfeição de ofício fecunda a sensibilidade e a torna criadora em diversidade cintilante!

Lídia Borges disse...

Gosto tanto das metáforas... e da música:
"tempo crespo entre unhas
no apego, no apelo
na fina lamina d’água"

Um beijo

Ingrid disse...

teu ofício ilumina..
beijos poeta..

Jorge Pimenta disse...

a começar pelo título (a lua que vaza é de um lirismo arrepiante), passando pelas plantações sem semente que fecundam em lágrima seca, tudo é harmonia poética sobre o grande turbilhão interior.
perfeito, assis!
abraço!

M.C.L.M disse...

"lágrima seca, extravio
o que não cabe, o sombrio
mas afoga a vida movediça..."

O meu desassossego encontra direção na tua poesia.

Beijo Assis!

dade amorim disse...

Nem todos os mares vêm para o bem.

Cris de Souza disse...

Arrasou!!!